Pedagogia catequética: nossas práticas cotidianas

Por Sebastião Catequista

Todo ano, nós que fazemos a Catequese planejamos, nos preparamos e damos início as atividades catequéticas junto aos nossos catequizandos. Em nossos planejamentos (re) elaboramos os temas e conteúdos de nossos encontros, passeios, momentos orantes, pensamos a vivência dos tempos fortes da vida eclesial e, nos preocupamos com alguns detalhes cotidianos: músicas, dinâmicas, material didático a serem usados, instrumentos que facilitam os trabalhos como por exemplo, os aparelhos modernos (iPhone, Smartphone, Tablet, projetor, TV, redes sociais), etc.

Tudo isso é importantes e interessante, entretanto precisamos pensar algumas coisinhas a mais: a nossa própria formação pessoal como catequistas; e melhor conhecer e aprimorar o método a ser usado nos encontros, uma vez que ele é imprescindível para o sucesso do mesmo. Precisamos também quebrar certos paradigmas e práticas que nos circunda e acompanha o tempo todo durante o ano em nossa catequese.

Falando assim, vamos nesse artigo abordar algumas dessas questões.

Em primeiro lugar é importante tomar consciência de nossas limitações enquanto catequistas e devemos estar abertos à formação. Sim! Não sabemos tudo e precisamos estudar, nos atualizar. E estudar o que? Toda matéria que envolve nosso trabalho de evangelização e catequese; e precisamos tomar conhecimento sim, porque desse modo estaremos melhor preparados para responder aos desafios que aparecem em nossa catequese. Ter um momento para uma leitura pessoal, individual, de temas como liturgia, espiritualidade, bíblia, catequese, psicologia das idades, leitura de jornal, etc, ajuda-nos a tomar gosto e a melhor conhecer o mundo e o ambiente que nos cerca e vivemos quando se trata da comunidade eclesial e religiosa. Se um ou uma catequista se limita somente ao seu livro de catequese e as suas devoções particulares, pode crer, sua catequese está em alguma coisa deficiente e míope. Se ele não abre seus horizontes, algo está faltando no seu “mundinho”. É preciso inovar. É preciso formação. Ampliar horizonte, enxergar além do seu umbigo, de sua paróquia ou comunidade, do seu grupinho…

Também é preciso estar atento aos novos métodos para novas realidades. Hoje há uma nova leitura da catequese e sempre para atender as necessidades das mais diversas realidade, porque a mensagem deve chegar e tocar a todos em todos os lugares, situações, idades e realidades.

Durante muito anos e na América Latina e de modo especial no Brasil, o método de Interação Fé e Vida (Ver, Iluminar, Agir e Celebrar) foi e é a referência para a Catequese, e seu método consagrado. Com ele, a Catequese e a Igreja cresceu muito e evangelizou e catequizou a muitos. Ele é da nossa tradição eclesial. Pena que, ainda é grande o número dos catequistas que o desconhece por completo ou não sabem ou não aprenderam a usá-lo corretamente. Mas funciona que é uma beleza!

De outro modo, outros métodos existentes na Igreja cresceram e caíram no gosto do nosso povo. É o caso por exemplo, da Léctio Divina ou Leitura Orante da Bíblia – que inicialmente é uma forma orante de ler e apreender os conteúdos bíblicos; mas que ultimamente tem sido utilizado na Catequese de modo enriquecedor. Principalmente naqueles momentos de espiritualidade com os grupos de catequizandos.

Também o itinerário do RICA através do processo de Catecumenato considerando o tempo (principalmente litúrgico), o planejamento, o conteúdo e o método de assimilação tem sido muito divulgado na Igreja, e usado em diversas realidades com sucesso, uma vez que ele depende muito da realidade eclesial de cada paróquia e comunidade. Enfim, há muita coisa boa e “nova” por aí.

Entre os paradigmas a serem quebrados, há um que me detenho nesse artigo e que do ponto de vista da pedagogia é preciso considerar: a quantidade de catequizando que devemos ter e acompanhar em nossa tarefa catequizadora.

Nas realidades paroquiais por onde andamos e cursos que ministramos por aí, ouvimos e constatamos o seguinte: Um (uma) catequista geralmente tem em média trinta, quarenta catequizando em sua turma. E o mesmo ou a mesma se sente “feliz” por dar conta de tanta gente e os levar à celebração e recepção sacramental. Com isso sua fama de “boa catequista”, de ser amada e popular cria uma imagem que, quando se trata do ponto de vista da eficácia/eficiência deixa muito a desejar. Porque o mesmo ou a mesma não consegue acompanhar a cada um no seu desenvolvimento psicológico, pedagógico, espiritual e assimilativo dos conteúdos apresentados. Sua orientação fica muito acima do superficial e por sua vez, seu “aluno” não aprendeu nada substancial que o leve a fazer e viver conscientemente a fé cristã. Então isso é um problema!

O problema que também implica quantidade, tem outras implicações mais sérias. Entende? E o catequista me parece ser a chave tanto do problema como da resolução do mesmo dentro de um contexto eclesial. Isso virou em algumas realidade uma “cultura” na catequese… quanto mais tenho “alunos” mais popular, mais “qualificada” sou, mais “respeito” dos outros (sobretudo dos catequistas ) eu tenho. Veja você, onde chegamos… É preciso quebrar esse paradigma.

A pedagogia que é uma ciência que nos orienta no sentido de como educar nossos alunos pode nos ajudar muito. No Diretório Nacional de Catequese (DNC) e o Catequese Renovada (CR), bem como outros documentos da Catequese no Brasil, nos tem orientado com uma Pedagogia Catequética quanto a questão do “fazer fazendo” do catequista. O DNC dá algumas orientações de como deve ser o catequista, qual o seu papel e como de certo modo desempenhar a tarefa catequética. O DNC nos tem ajudando a quebrar paradigmas como esse.

Alias, sobre isso arriscaria dizer aqui o seguinte: É urgente, de nossa parte, como catequistas, tomar consciência de que devemos ter um limite de catequizando sob nossa responsabilidade. Ter muitos alunos não é sinal de uma boa catequese e um bom catequista, muito pelo contrário. Como também, não ter um planejamento e ficar no devocionismo e algumas “ideias” em forma de doutrina ou de verdade, a sua verdade, não está catequizando ou ajudando o catequizando em sua maturação da fé. É preciso rever nossas práticas. Não acha?

Não vou me estender mais nesse artigo, mas é importante dizer que é urgente que façamos uma revisão de nossas práticas catequéticas e de nossa catequese. Precisamos estar abertos ao novo e nos revisar constantemente. Há muitos paradigmas a serem quebrados, revisados e precisamos dar um novo horizonte à nossa prática. Aqui abordamos alguns desses paradigmas. Foi um aperitivo. Como anda sua pratica catequética em sua paróquia ou comunidade? A partir desse texto, é possível dialogar sobre isso? Em que na catequese e no catequista precisamos melhorar?

Fica aqui essa reflexão para nos abrirmos à novos horizontes na prática catequética.

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