Os fundamentos da espiritualidade de Jesus

Os fundamentos da Espiritualidade de Jesus

Por: Sebastião catequista*

Introdução

A espiritualidade é um modo de ser e agir na vida. No geral ela não é propriamente um conjunto de ideias ou práticas de exercícios religiosos em si, mas constitui um jeito de viver, de enxergar a vida e de ser1. E esse modo geralmente está contextualizado no tempo e no espaço a partir dos valores e crenças que assumimos. Não existe uma espiritualidade neutra, fora da realidade, descontextualizada. Ela é sempre espiritualidade a partir de um “lugar” social, político, religioso, simbólico e psicológico. E desse “lugar” “olhamos” o mundo. Através desse “olhar” se emite uma “leitura” da vida, das pessoas, da sociedade, do mundo, da religião, da comunidade de fé e de Deus.

A espiritualidade, sobretudo cristã, parte de uma realidade concreta da vida e da história humana que tem nas Escrituras judaico-cristã e na pessoa Jesus de Nazaré sua mais criativa inspiração. É dessa fonte que nasce, que se alimenta, e que se reveste de criatividade e carismas as diversas espiritualidades e todos os rituais religiosos cristãos.

Ao refletirmos a espiritualidade de Jesus nos reportamos àquelas linhas mestras que motivaram, incentivaram e deram fundamento à prática de Jesus Nazareno quando ainda vivia entre os seus, antes dos eventos que o levou a dimensão mais profunda da existência cujo Nome, no dizer de são Paulo, recebeu sobre todas as coisas: Kyrios, Senhor (cf. Fl 2,9-10s).

E antes que nos debrucemos sobre essa espiritualidade convém dizer o quanto esse tema é expressivo e vasto, de modo que, uma consulta ao dicionário especializado encontramos um leque enorme de “conceitos” com suas mais diversas abordagens. Não enveredamos por esse caminho, mas consultamos algumas fontes que corroborasse nossa reflexão.

E ao fazer isso partimos do nosso contexto eclesial e da tradição da Igreja latino-americana. E desse “lugar” fazemos a “leitura” de como aconteceu na vida de Jesus a espiritualidade. Espiritualidade essa que causou impacto muito grande nos seus primeiros seguidores e, para nós hoje, e de todos os tempos.

E aí cabe a pergunta: Quais as “motivações” de sua espiritualidade?

É claro que essa pergunta não tem uma resposta direta. Ninguém entrevistou Jesus pessoalmente para saber a resposta. Só podemos obter uma resposta de forma indireta através das fontes evangélicas e daí intuir e deduzir, algumas linhas…

E nossa abordagem levando em consideração todas essas questões e singularidades ao refletir sobre a espiritualidade na vida e na pratica de Jesus nos remetemos também para a pratica da espiritualidade na vida cristã hoje. São tantos os desafios, na atualidade: praticas individualistas desconexa da vida, mais religiosa e menos comprometida, mais devocional e menos encarnada e solidária; praticas que reforça uma leitura religiosa do “Eu e Deus” desligada da comunidade; práticas em que o coletivo só é importante se favorece a individualidade, mas essa não é solidária, fraterna e não está na mesma sintonia, no mesmo sentir, pensar e ser. Como consequência temos então, alguns perigos, como é o caso por exemplo, do fundamentalismo religioso ou como se diria no século passado, a alienação.

Mas enfim, contextualizemos a pratica espiritual de Jesus e sua influência em nossas praticas cristãs.

1. Contextualizando Jesus e sua pratica espiritual

Há “na praça” vasta literatura falando da época de Jesus. Fala da sociedade, da religião, dos valores importantes, da economia, dos partidos políticos e religiosos, dos grupos guerrilheiros, das gangues, da repressão, da influência do templo de Jerusalém, da Lei, e das diversas tradições que a interpreta e a vida nas sinagogas. Repetir todas essas informações e análises aqui são desnecessárias, até porque, nas introduções que antecede o início do Novo Testamento nas atuais Bíblias encontradas no mercado, estão esses conteúdos.

Então?! Lendo os evangelhos encontramos passagens que nos coloca diante de perguntas que nos leva a supor o modo como Jesus aprendeu a ler nas entrelinhas a presença de Deus e seu agir. Nas linhas a seguir delineamos alguns desses textos de forma muito livre por entender que eles nos abre “pistas” para o que nos propomos que é pensar a pratica e as fontes da espiritualidade que animou Jesus em sua vida.

Um desses elementos é o que diz respeito ao “agir do pai” que Jesus invoca como fundamento do seu próprio agir.

a) O “agir do pai” na educação de Jesus

Nos evangelhos sinóticos, sobretudo em Lucas e Mateus, encontramos o jovem Jesus sendo educado pelos seus pais e frequentando as tradições do seu povo. Vários são os estudos modernos que mostram o processo da educação judaica dos adolescentes e jovens nesse período da história de Jesus. Frenquentemente era alfabetizados lendo as Escrituras do seu povo dentro de um processo complexo de decoração e exercício de atualização e interpretação da mesma. Supomos que, além desse processo, Jesus teve uma outra fonte não muito convencional: a casa de Nazaré de Maria e José. Aí certamente havia “uma outra leitura” do que fora lhe ensinado. E isso nos leva a crer que “essa leitura” deu “instrumentos” para o jovem rapaz com sua capacidade extraordinária de compreensão “ler nas entrelinhas” o “agir do pai” no meio do seu povo. É claro que tudo isso é mera hipóteses que fica na “suposição” das ideias a partir de uma leitura livre dos textos. Não há nenhum documento ou texto que comprove essa ideia.

Mas seja como for, o fato é que, Jesus tinha e fazia uma releitura das Escrituras muito viva, contextualizada no seu tempo. E até onde se sabe, Jesus é extremamente humano, mas havia algo extraordinário nele. O Jesus histórico e real não temos acesso à ele, mas para ser quem foi a tal ponto de seus discípulos a luz da fé, produzir o que produziram, e assim podermos ter acesso a esse Jesus, está claro que, ele tinha algo extraordinário. E que isso de certo modo tenha passado despercebido é bem provável no tema do qual estamos falando.

O fato é, pelo menos em “hipóteses”, Jesus aprendeu a “ler Deus” dentro de uma pedagogia da relação “pai e filho” e isso, o marcou por toda vida. Assim, nos reportamos aos textos do evangelista João em 5, 19-21s e 8, 28-29. 38. É claro que esses textos estão dentro de um conjunto e enredo muito maior dentro do esquema do evangelista e de uma teologia própria do autor. Sabemos disso. Mas o que trazemos à nossa reflexão nesses versículos é o fato a que estamos nos remetendo da relação de Jesus com Deus Javé quando esse afirma que “vê o pai fazer” o que faz e por isso ele, Jesus, o faz também.

E como Jesus “viu” o Pai? Quando? Onde? Poderíamos perguntar. E a resposta hipoteticamente é só uma: lendo nas entrelinhas das Escrituras. Aí Jesus aprender com o pai a libertar o oprimido, a cuidar da vida, a enfrentar os que em seu nome exclui o povo da relação com o próprio Deus/Pai. Percebe? Assim Jesus vê o pai agindo e como filho que imita o pai age também.

É exatamente aqui que está os fundamentos e a fonte da espiritualidade de Jesus: ele foi educado pelo Pai nas entrelinhas da tradição do seu povo. E desse modo pode se abrir ao novo que estava por vir e entender como vontade do Pai.

b) Abbá: Pai

A relação de Jesus com Deus nos evangelhos nos mostra que não é algo convencional. Nada se sabe como foi essa relação na infância e adolescência e muito menos qual a reação das pessoas com as quais convivia proximamente. Sobre isso não temos a menor ideia ou registro. Mas ao nos reportar ao Jesus adulto podemos intuir que sua relação com Deus a partir da categoria “pai” não nasceu “da noite para o dia”. E essa relação é uma “marca registrada” de sua santa personalidade. Caso contrário não teria impactado tanto seus seguidores nas gerações posteriores.

Imaginem, chamar a Deus de pai! É muito impactante, pois isso remete ao próprio conceito de Deus e mesmo aos dois primeiros mandamentos da lei [amar a Deus e não falar seu nome em vão]. Que Deus é “pai” todos sabem disso! Que os profetas já havia aludido a essa realidade era de conhecimento de todos, mas daí usar o adjetivo “pai” se referindo a Deus cotidianamente como próximo, é no mínimo desrespeitoso e blasfemo, na visão dos religiosos, quando o imperativo e ensinado é nunca falar o nome do divino Criador. É escandaloso! Pois, ao fazer assim, Jesus está se colocando no mesmo “espaço” sagrado de Deus. Pior! Está se igualando a Deus! É Blasfêmia!

Ora! Jesus vivenciou essa experiência impactante publicamente e foi mais longe: ensinou aos discípulos a chamar a Deus de “Pai”. É inútil perguntar o que se passava subjetivamente dentro dele, interiormente, mas os evangelhos parafraseando as Escrituras em vários momentos nos diz que Jesus se sente amado pelo Pai. Referencias como as do Salmo 2, sobretudo, o verso 7b encontramos em passagens como as do batismo no rio Jordão (cf. Mt 4,17; Mc 1,11; Lc 3,22) ou no episódio da transfiguração (cf. Mt 17,1-8; Mc 9,2-8; Lc 9, 28-36) entre outros.

Isso nos leva a crer o quanto era importante para a comunidade de fé essa tradição própria de Jesus. É a partir dessa relação que uma “imagem” de Deus vai se formando nas consciências e que aproxima as pessoas marginalizadas entre si, e também de Deus. Algo que o sistema religioso e sua interpretação das Escrituras os afastava dele. A relação de Jesus com o Pai leva outras pessoas a se relacionar com Deus de um modo diferente dos fariseus, dos escribas e doutores da lei, bem como a terem uma outra postura em relação a vida e ao templo.

Essa sua relação com o Pai, ele enxerga na sociedade, Deus agindo e o reino aí presente. Dessa forma, Jesus assume em sua vida dois valores bem definidos: a vontade do Pai e o Reino como presença por meio de sua pratica no meio do povo.

c) Os “sinais do tempo”: o reino chegou!A vontade do Pai!

Outro aspecto que podemos vislumbrar na espiritualidade de Jesus é a sua capacidade como já o frisamos, de ler nos sinais do tempo a chegada do reino. E o “reino” é com a “vontade do pai” o segundo valor mais importante na sua relação com o mesmo e com o povo.

Que Deus viria a qualquer momento “julgar” o povo era naquele momento o esperado por todos. Que o reino estava para chegar essa era uma expectativa. Não é atoa que o ambiente social daquela época estava muito agitado, um “barril de pólvora” prestes a explodir. Todas as características das profecias se enquadravam naquela situação. O nosso leitor poderia averiguar nas introduções e notas das bíblias essa informação ou mesmo consultar bons autores sobre o assunto.

O fato é que, Jesus estava atento ao que acontecia ao seu redor. Conhecia a violência bem de perto desde criança, viu visionários, movimentos de rebelião, viu o império massacrando, matando sua gente, viu seu povo em lágrimas, suas tradições e esperanças manchadas pela ignominia. Como seu povo ele também esperava a libertação, a ação de Deus agora já. Nas entrelinhas procurava “ver” o que o Pai lhe dizia.

E como podemos verificar nos evangelhos, esse dia tão esperado chegou. Ele veio pela ação do profeta João Batista. E veio do deserto! É impressionante como Jesus intuiu em sua subjetividade, em sua interioridade, a presença e ação de Deus o Pai, na figura do Batista.

Um texto de grande beleza, mas de profunda revelação é aquele do batismo de Jesus no rio Jordão. Nesse episódio temos alguns elementos importantes que nos mostra quão profunda é a espiritualidade que o alimentava. É claro que o texto é um relato teológico de uma releitura de um fato a muito acontecido, entretanto, nos mostra essa singularidade de Jesus e que foi conservada pela comunidade de fé.

No episódio Jesus chega para ser batizado e se torna discípulo de João. Jesus vem do meio do povo; de algum modo intui que o Batista tem algo da realização das promessas das Escrituras; “ler” nesse sinal o início da chegada de Deus e do Reino; ao banha-se deixando-se batizar (lavar) é como se refizesse toda a caminhada do seu povo de outrora; e ao ouvir a “Voz” do Pai tem a confirmação de suas intuições. O que se passou na sua consciência? O que sentiu interiormente? São perguntas sem respostas, mas o autor do texto nos provoca à imaginação e nos remete como já o dissemos a outros textos do Primeiro Testamento. Ainda temos a pomba como forte sinal visível da presença do Espírito que “repousa” sobre Jesus. É uma cena impactante! Reveladora!

É claro que todo o enredo e episódio dessa cena constitui uma “catequese” das primeiras comunidades sobre o Batismo, mas para além dessa catequese, o texto nos remete a algo que é muito caro a Jesus: a vontade do Pai e a chegada do Reino.

A partir desse momento Jesus se coloca na escola do Batista, e segue fazendo sua releitura da vontade do Pai e dos sinais do Reino que a cada dia vai se distanciando da forma como o Batista entende essa presença.

Após a morte de João, Jesus segue seu próprio caminho e com uma convicção ainda mais amadurecida. Ele se torna um pregador ambulante e um taumaturgo. Em sua nova forma e estilo de vida, segue suas intuições mas não descarta pelo que parece, as divinas Escrituras do seu povo, cuja leitura passa pelo crivo desses três valores: o agir do pai; a vontade do pai; e a realização do shalom como realidade concreta do reino entre o povo.

É com essas linhas mestras que Jesus vê o outro seu semelhante, sobretudo o povo dos pobres e excluídos [doentes, pecadores, impuros, pagãos, viúvas, pescadores, etc], olha os acontecimentos [como a morte dos galileus por Pilatos e a queda do torre de Siloé – cf. Lc 13,1-5], faz uma nova releitura das tradições religiosas, do poder político judaico/romano, e estabelece relações de acolhimento, de igualdade, bem como ensina uma nova postura no relacionamento com Deus, como podemos ver na oração do Pai Nosso.

Em sínteses, esses três aspectos moldam toda a vida de Jesus que, tem como forte elemento unificador o Espírito de Deus. Graças a sua abertura para o Espírito é que se pode compreender Jesus Nazareno um homem do seu tempo e profundamente espiritual.

Aliás, sobre esse aspecto passaremos a refletir.

2. Espiritualidade: caminho aberto ao Espírito

Na reflexão anterior vimos os principais elementos da espiritualidade de Jesus. Nas linhas que agora tecemos, trazemos um outro aspecto da espiritualidade do Mestre: o Espírito.

De que espírito falamos aqui? É claro que você diria, o Espírito Santo. Sim, mas não só isso! Quando se diz que Jesus “está com o espírito” essa afirmação nos remete a duas realidades distintas: que ele “está possuído” daquele “ideal” que caracteriza o reino e sua missão, e que em linguagem moderna e bem brasileira diríamos ele “está vestido com a camisa” e; sim, do Espírito Santo de Deus.

É desse espirito que Jesus está revestido, e é com esse espírito que ele anda de aldeia em aldeia. Outrossim, Jesus também está possuído pelo Espírito de Javé, o Pai. Espírito que “pousou” e engravidou Maria, que favoreceu a Isabel mãe do profeta João, que veio ao Batista no deserto, que falou aos profetas.

Na escola do Espírito Jesus aprende a “levar à perfeição” a Lei e os Profetas; a identificar o reino do “pai da mentira” e o vencer, libertando as pessoas de suas garras; no Espírito ele passa noitadas orantes; a curar a vida dos males mais diversos. É com o Espírito e no espírito que Jesus age no meio do povo e o povo o reconhece como um profeta. Eles dizem: “apareceu entre nós um profeta!” (cf. Lc 7,16).

Vida no espírito e com o Espírito de Deus é sua característica mais íntima singular, subjetiva e inspiração para seus discípulos de todas as épocas.

Em sua vida Jesus se torna fonte e modelo para quem quer seguir esse caminho… é uma espiritualidade. É um caminho para caminhar ao “sopro do Espírito” no espírito da vida. E isso nos remete as diversas espiritualidades na Igreja. Cada uma com suas características próprias, com seus rituais religiosos próprios desenhando seu estilo de vida cujo “filtro” de onde alimenta sua “fantasia” e sua leitura de mundo, de fé e vida, perpassa os textos sagrados.

E aqui cabe uma pequena nota. Não existe o termo “espiritualidade” na Bíblia. Nem mesmo o conceito.2 O que temos é a convicção de “viver no Espírito” e, isto significa está atento/a “a voz do Espírito” que fala nos acontecimentos, nas pessoas, sobretudo, dos profetas e profetisas. Está atentos/as a “voz do Espírito” é um exercício constante que o povo fazia e identificá-la não é tão fácil assim. É preciso “ver/ler” os “sinais” de sua presença. E foi isso que Jesus aprendeu com a família de Nazaré.

Os evangelhos nos mostra Jesus cheio do espirito, e com ele faz sua leitura das Escrituras além “da letra” captando de maneira singular, como se pode ver mais tarde, o “espírito” nela contida.

Assim, sua leitura da realidade do seu tempo e das Escrituras lhe faz enxergar por entrelinhas a ação do Espírito, ação essa que remete ao próprio Deus a quem familiarmente chama de “paizinho”. Dessa forma ele está atento ao “sopro do Espírito” e no espírito se move e se deixa mover de modo que os textos bíblicos do Novo Testamento atestam: “e o Espírito estava com ele”; “movido pelo Espírito foi a…”; “cheio do Espírito Jesus proclamava…”; “com o Espírito ele curava”. E assim por diante.

Jesus é movido pelo Espírito e no espírito quando faz a sua leitura pessoal das Escrituras e consegue intuir a “voz de Deus” o Pai que lhe fala com afeição. É a partir dessa “voz” que compreender e faz a leitura do Reino de Deus como o Shalom acontecendo no meio do povo; que vê o sistema por dentro caracterizado nas instituições políticas e religiosas do seu tempo a excluir e matar o seu povo.

Sua ação e vida constitui um modelo para todas as espiritualidades. Toda e qualquer espiritualidade, como podemos perceber em Jesus, precisa está “aberta” aos “sopros” do Espírito que poderemos reconhecer “no espirito” das causas em favor da vida, da justiça e do direito, como nos é ensinado pelas Escrituras.

Conclusão

A pratica da espiritualidade constitui um caminho para o Espírito! É uma escola que não tem valor em si mesma, voltada para si mesma, mas toda a sua ascese aponta para algo além de si: o ‘Espírito’ que nos conduz para algo mais profundo. Caso contrário, não passa de obsoletas praticas religiosas, além do mais, é preciso alargar o conceito de espiritualidade como “praticas religiosas” para algo mais profundo como “estilo de vida”, um ideal a ser buscado tendo como pressupostos, se se cristã, a pessoa, a mensagem e a vida de Jesus.

Toda espiritualidade como dissemos no início não é neutra, ela sempre tem como pressuposto psicológico, religioso, social uma “fonte de inspiração” que leva a “tomar partido” em diversas situações. Até mesmo pessoas religiosas e não religiosas tem suas espiritualidades, a questão que se impõe é: Em que tais espiritualidades influenciam meu olhar sobre o mundo, a vida, e o que me leva a produzir enquanto pessoa inserida nesse mundo? Passando por esse “crivo” se pode emitir um juízo de valor sobre tal caminho espiritual.

Os cristãos sempre primaram pela pessoa de Jesus em sua espiritualidade, mas suas leituras são tão diversas que “no mercado” há espiritualidades para todos os “gostos e fregueses”. Nas comunidades cristãs da América Latina uma que talvez responda aos “desmandos” da atualidade, seja aquela que ensaia “contextos” de liberdade e vida para o povo e os destinos da humanidade. E aí cabe a pergunta: Em que sua espiritualidade se fundamenta? Que leitura através do seu crivo, você faz dos acontecimentos contemporâneo? De que “partido” ela te faz se comprometer com a vida do povo e os desígnios de Deus?

Bibliografia consultada

– Mateos, Juan. Camacho. Fernando. Jesus e a sociedade de seu tempo. São Paulo: Paulus, 1992.

– Konings, Johan. Evangelho segundo João – amor e fidelidade. São Paulo: Loyola,2005.

– Comblin. Jose. Jesus Cristo e sua missão. Breve curso de teologia. Tomo I. São Paulo: Paulinas, 1983.

– Comblin. Jose. Jesus de Nazré. Coleção Espiritualidade Bíblica. São Paulo: Paulus,2010.

– Betto. Frei. Fé e afeto – espiritualidade em tempos de crise. São Paulo: Vozes,2019.

– Correia Júnior, João Luiz. Gameleira Soares. Sebastião Armando. A Espiritualidade de Jesus. São Paulo: Paulinas, 2016.

– Brown. Raymond E. Fitzmyer, Joseph A. Murphy, Roland. E. Novo Comentário Bíblico São Jerônimo – Novo Testamento e Artigos Sistemáticos. São Paulo: Paulus, 2018.

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1Correia Júnior. João Luiz. Gameleira Soares, Sebastião Armando. A Espiritualidade de Jesus. São Paulo: Paulinas, 2016 [ Coleção espiritualidade bíblica]

2São Gregório de Nissa, pai da Igreja do século IV, que traduziu o grego pneumatiké pela palavra latina spiritualitas e a explicou com uma expressão do quarto evangelho: “é uma vida conduzida pelo espírito”. In A Espiritualidade de Jesus. São Paulo: Paulinas, 2016 [ Coleção espiritualidade bíblica]

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* Sebastião Santana da Silva – é agente de pastoral, catequista, e atua nas Escolas Bíblicas de Animadores Populares do Cebi. Há muitos anos atua na Pastoral de Catequese com jovens e adultos na Diocese de Caruaru.

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