Prólogo

No capítulo primeiro de seu evangelho, João nos fala da Palavra. Ela está no início de tudo criado: Ela é ação de Deus, Deus mesmo agindo por sua força e poder. Ela é identificada com o próprio Deus. Também na sua primeira carta (1Jo 1,1-4), João nos afirma de modo contundente o que disse no evangelho: Essa Palavra se fez Carne Humana, se fez Finito, Criatura, e armou sua tenda entre nós e vimos a sua glória. E continua João dizendo: para os que conviveram com a Palavra-Jesus foram preenchidos de uma alegria incomensurável, contagiante. E seu testemunho nos é motivo de imensa alegria e salvação.

A Palavra – no grego – Logos está contextualizada na cultura e filosofia grega como algo ligado ao mundo das ideias e mitologia; mas no evangelho de João seu significado é bem outro e diferente do que diz a cultura e filosofia grega. Para o evangelho joanino a Palavra (Logos) tem a ver com com a dinâmica do processo histórico da Revelação e Salvação contida no Primeiro Testamento ou Antigo Testamento. Aí a Palavra-Logos é criadora (cf. Gn); é libertadora (cf. Ex); está possuída de Profecia (Cf. os Profetas); de Sabedoria (cf. Sab, Eclo, Ecle, Ct); de musicalidade orante (cf. Sl) na vida do povo de Deus – Israel.

O caminho da Palavra no Primeiro Testamento é um caminho guiado, orientado pelo Espírito. O Espírito de Javé. Assim prossegue e age o Logos. No Segundo Testamento ou Novo Testamento, a Palavra (Logos) se faz mais concretude, se torna humana na Pessoa de Jesus Nazareno. Ele é a Palavra-Logos em carne viva. E Jesus sendo a Palavra em linguagem e gestos humanos, o Espírito lhe guia, é força, é segurança, e deixa-a seguir seu destino. A Palavra-Logos-Jesus desse modo cumpre a vontade do Pai.

Vendo assim, o Logos do evangelista João passa muito longe do conceito grego, como já o frisamos acima, e faz caminho próprio e prazível de modo que, identificado com Jesus nos é penhor de garantias celestes. Nele, o Espírito age com força e poder. E a Palavra se fez carne e habitou entre nós!