Sepulcro vazio

               Por: SebastiãoCatequista.sepucro

É fato o que se dizia nas escolas desde muitos anos do século passado: a gente nasce, cresce, reproduz e morre. Esse enunciado um tanto vazio, frio, sem sentido e um tanto cruel fora ensinado a muitos de minha geração.

                Por esse ensinamento, a vida fica destituída de sentido; a história humana esvaziada de significado; e tudo aquilo que foi construído ao longo dos séculos, ridicularizado, elevado a condição do nada.

                O autor do Eclesiastes (2-3), antes de Cristo, via a vida como um instante de ínfimo prazer, dom dado por Deus. Seu lamento carecia de sentido. Sentido que durante séculos os filósofos gastaram tempo à investigar. Tudo passou pelo crivo da filosofia e do filosofar dos filósofos: o tempo, a vida, a morte, o ódio, o amor, a sociedade, o conhecimento, o ser, o humano, o devir, a perenidade e a eternidade, o efêmero e passageiro, o duradouro e Deus. Tudo foi motivo de investigação e foi passado pelo crivo do olhar filosófico. Um olhar que ora fora frio, negativo e melancólico; ora foi positivo, humano, esperançoso e aberto ao infinito. Tudo foi especulado, calculado, investigado, para se poder compreender a razão e o sentido das coisas.

                No século I depois de Cristo, Jesus de Nazaré aparece numa vida simples e com uma breve existência cujo enredo dará sentido à séculos de especulações humanas. Pelo menos é o que diz os seus seguidores, e salvo raríssimas exceções, alguma coisa podemos encontrar ai.

                Segundo a fé cristã, Jesus é por sua natureza e essência resposta às indagações humanas. Sua breve existência terrena evidenciam uma resposta singular nos seus aspectos mais banais aparentemente: O seu agir, o comer, o descansar, o dormir, trabalhar, pregar, curar, ensinar, andar, chorar, alegrar-se, tomar banho, nadar, passar noites ao relento, sonhar, orar, rir, exultar, demonstrar ternura, compaixão, encolerizar-se, amar, ter sentimentos… tudo que o ser humano possa viver e sentir como parte da vida em Jesus encontrou sentido. Sentido no Sentido.

                E tal sentido, se tornou assimilável, des-velavel, compreensível e mistagógico mediante o sepulcro vazio. Sua ausência-presença nos abriu os olhos para que num instante pudéssemos compreender e assimilar algo incomensurável.

                O sepulcro vazio nos diz muito. Abre-nos os olhos para o absurdo da vida e ao mesmo tempo para o seu sentido e significado mais profundo. De repente, aquilo que se ensinava nas escolas do século passado não fazia mais sentido. Deus não cria para depois destruir (Sb 1,13-15 ). Que absurdo! A não-existência não pode estragar a vida em sua mais ínfima existência!  Eis o significado mais profundo do sepulcro vazio: a vida tem sentido! A vida tem continuidade!

                E o que o sepulcro não pode conter? A origem da vida que se manifestou em carne e ossos e se chamou pelo nome de Jesus; Jesus de Nazaré! (Jo 1, 1-18). Esse Jesus modificou vidas, vidas que modificaram a humanidade séculos afora. Vidas que irradiaram uma energia, uma felicidade, uma certeza, vidas que deram a vida como semente de novas e frutíferas vidas atordoando o absurdo que se incomoda ao ver o Sentido da única Vida que dá sentido a todas as outras, inclusive ao próprio absurdo, para demostrar sua própria glória. E foram milhares as vidas transformadas e as que serão…

                E o testemunho é o mesmo: ele ressuscitou! Nele a vida é mais vida! A morte caducou, perdeu o sentido. Está decretada a eternidade e perenidade da vida.

                É isso que saboreamos ao ler a primeira carta de João 1, 1-4. A Vida das vidas está aqui, e essa é uma alegria incomensurável, alegria contagiante… que passa de geração a geração proclamando: o crucificado vivente, está entre nós. Ele é vivo! Não morre mais! A vida encontrou o seu caminho!

                Feliz Páscoa!