Olhar

           Por: Sebastião Catequista.

corpohumanoO corpo fala, tem sua linguagem corporal. E sua linguagem pode nos dizer muito de si mesmo, do seu estado de espirito, de sua saúde e humor. Ele também tem a capacidade de adaptação à ambiente e situações. Uma delas, por exemplo, é o que determina o seu olhar, o que mostra o olho.

No mundo moderno o olhar é muito importante e o sistema global sabe disso, principalmente no seu lado comercial. O olhar desperta desejos, cria necessidades, alimenta sonhos. Com ele nasce a “escravidão”…

            A “escravidão” pode estar associada a um objeto, a uma situação, a uma pessoa, a um capricho, a um bem material…  E fazemos de um tudo para possuí-la como um bem. Desse modo ela começa em nós pelo olhar que à leva para a cabeça. A cabeça logo recebe suas informações e cria as necessidades e desejos, dando ordens ao restante do corpo para executá-las: o nariz “respira” o cheiro do objeto precisado; a boca “produz gosto” e alimenta os sentidos; o coração bate forte, fica inquieto, quer mais do que a cabeça já pensou, e ver mais longe, às cegas delirando poder possuir o desejado; o corpo todo sai para executar o plano de aquisição da “escravidão” e não descansará enquanto não houver alcançado seu objetivo provocado pelo olhar, desejo, vontade e sentimento.

                    A escravidão existe, como existe a liberdade. O corpo é vítima. Por trás está “forças” que o induz nos seus cinco sentidos (visão, audição, olfato, paladar, tato). Essas “forças” são embustes perigosos e que precisam ser domados. O corpo é vítima, vítima de três embuste: vontade, sentimento e razão. A vontade diz: eu quero, eu posso, eu faço. Custa ser aprendiz, humilde, sensata. O sentido diz: eu desejo, eu sinto, quero o prazer disso ou daquilo. Tem dificuldades para se controlar, é velho aliado da vontade, os dois são “cabeçudos” e muitas vezes dá com “burros nas águas”. A razão adora inventar “artes” para justificar o que muitas vezes não se justifica. Trabalha dobrado “arquitetando” seus planos sendo cúmplices da vontade e do sentido. Os três são “carne e unhas”. É preciso grande ascese do corpo, é uma luta! Imaginem!

            A pergunta que emerge desse conflito em que razão, vontade e sentimento tendo como pressuposto o olhar é: como ser e viver livre? O que é preciso fazer? As respostas não são tão fáceis assim. Até porque, o corpo é só um agente, dentro de uma realidade bem maior que si mesmo. Não depende só do corpo enquanto corpo, ou do corpo enquanto pessoa. Porque estão inseridos em um contexto bem maior e mais amplo.

            Podemos ponderar: O trabalho mais difícil não é se libertar da escravidão. Não, não. Disciplina, ascese, ideal de vida, foco são instrumentos que podem ajudar na libertação, porém o trabalho mais difícil é como viver livre. Este sim, é mais complicado. Requer tempo, paciência, aprendizado, domar forças (as tais forças internas e externas a si mesmo), descarregar as ideias, desconstruir-se, reconstruir-se diversas vezes, muitas vezes. É um exercício constate… para o corpo, do corpo, com o corpo… e não esquecer que o corpo vive no mundo, na sociedade, com as pessoas, com as ideias, com o que vê…

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