Apocalipse – I: Início de conversa.

Caro leitor, com esse artigo iniciaremos uma série de reflexão e explicação do livro do Apocalipse, atendendo assim, as muitas solicitações de nossos leitores e internautas.

apocalipse                Para muitos de nós, o livro do Apocalipse, é cheio de surpresas. Nele está contido o fim do mundo; ele descreve um futuro sombrio, de medo, de tragédia, de dor, de sofrimento, de destruição e morte. É o que muitos afirmam após uma leitura superficial ao pé da letra. É um livro terrível que se impõe com autoridade (não mudará uma virgula do que está escrito…e ai de quem assim o fizer 22,18-19). Outros nem mesmo leram, mas o que ouviram dizer autoriza dar asas à imaginação com um colorido bem peculiar. Para ambos leitores, este livro é uma profecia ocular, uma reportagem ao vivo bem minuciosa nos detalhes: a vinda de Jesus julgador, terrível juiz, e a presença divina de Deus é pesada, é carregada, é vingativa, punitiva, de julgamento. Aí não transparece a justiça, a misericórdia, a alegria. O futuro é “negro”.

                Nesse contexto de pensamento escapa a beleza do cenário em contrário: um livro que nos remete à esperança em meio as perseguições; que alimenta sonhos de liberdade, de justiça, de vida. Que proclama a vitória do Senhor sobre todo mal. A forma como as pessoas veem o livro do Apocalipse foge inclusive do sentido que este dá a si mesmo: “Revelação de Jesus Cristo” (1,1). Seu conteúdo inclusive ainda neste verso nos é mencionado: mostrar o que vai acontece em breve. E o que vai acontece? A vitória do Cristo ressuscitado sobre o mal. É disso que trata o livro. É a vitória de Jesus ressuscitado sobre aqueles que se opõe a vida, Vida-Jesus. E como acontece essa oposição? Através do fechamento à Palavra-Jesus e a perseguição a seus seguidores, ao seu Corpo Místico – a comunidade dos batizados: a Igreja. No fim, haverá um fim (não do mundo, evidentemente): Deus vencedor.

                Então, o que nos relata o Apocalipse?

                Apocalipse é um gênero literário, uma forma de reinterpretar a profecia. Sua característica está em falar do bem e do mal, do sistema, e da oposição ao projeto de Deus. Suas ferramentas são símbolos, cores, numerologia, e a realidade bem particular. A apocalíptica é dualista. Sua origem remonta ao Primeiro Testamento e tem no livro de Daniel sua melhor representação.  Seu objetivo é denunciar o projeto de morte e a vitória da vida, alimentando a esperança dos que lutam em defesa da mesma.

                No Segundo Testamento os primeiros cristãos usaram deste recurso para denunciar o mal causado pelo império ao povo, principalmente o povo dos cristãos; e alimentar a esperança dos que foram perseguidos e das comunidades cristãs. O livro do Apocalipse cristão trata dessa realidade e desse contexto. Voltaremos ao assunto.

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