Retiro. O que é e como fazer?

 Por Maria do Socorro Santos

vocação e escutaO Retiro é o momento em que paramos, deixamos o corre-corre do dia a dia, momento de saída para refletir sobre nós mesmos, a nossa condição de vida. Como estou vivendo? Como está a minha vida? Quais são as minhas motivações e planos? Como estou agindo? É um momento em que saímos do barulho do mundo agitado para ficarmos a sós e com Deus. Trata-se de um momento de intensa e profunda intimidade conosco e com Deus. É um espaço de avaliação, de oração, de meditação e contemplação.

           Retiro é também um profundo silenciar para ouvirmos a nós mesmos em nosso interior e ouvir a Deus. No retiro, somos convidados a olha para nós mesmos, nossa vida e nos entregarmos nos braços de Deus, confiar a ele toda a nossa vida. É um momento oportuno para renovarmos a nossa vida, sobretudo a nossa vida orante e a nossa espiritualidade. É um momento de olharmos para destro de nós mesmos, e refletir o meu relacionamento comigo mesmo, com Deus e com o mundo. É um cultivo de equilíbrio saudável. É algo que faz parte também da espiritualidade

Os retiros são inseridos na mais antiga tradição do cristianismo (e também de outras religiões) que sempre viu no recolhimento e no silêncio, excelentes meios para o encontro da pessoa consigo mesma e com Deus. Seja na vida Monástica, na solidão do Deserto ou na prática de Exercícios Espirituais em pequenos grupos, sempre encontramos os cristãos praticando retiros.

E como já o dissemos, eles são ocasiões especiais que a Igreja nos proporciona para nos “retirarmos” do corre-corre diário com a finalidade de fazer experiência de Deus na escuta atenta e fecunda da sua palavra, fonte de contínua conversão e descoberta do projeto divino em nossa vida. O retiro é fonte de discernimento e revisão de vida, oportunidade de refazer o caminho e buscar maior fidelidade a Deus e á própria realidade.

Mas, também, é verdade que precisamos ter cuidado com algumas visões equivocadas que se tem por aí de retiro. Há proposta de retiro que alienam e afastam a pessoa da responsabilidade de assumir com fé e coragem a sua realidade. Há, também, muita confusão entre retiro, encontro de formação e confraternização. Muitas vezes a preocupação é com grandes estruturas, palestras, bandas, lembrancinhas, grandes grupos, e o sentido do retiro se esvazia. Quase não se valorizam o silêncio, a meditação, a avaliação de vida, a dimensão do simbólico e do orante!

Por isso, para nossos catequistas e internautas, deixamos algumas sugestões e pistas para ajudar na realização de um bom retiro.

Dicas para organizar um bom Retiro

Local – O local onde o retiro acontece é de fundamental importância. Precisa falar por si mesmo e convidar á oração e ao recolhimento. Principalmente quando é retiro com criança, adolescentes e jovens, pois este público merece muita atenção e concentração, pois se o silêncio é parte ingrediente para a realização de um retiro proveitoso, o local deve favorecer a isso. Quase sempre se escolhem lugares afastados do barulho e da agitação dos grandes centros, privilegiados pela natureza, com áreas espaçosas. Algum local aonde as pessoas realmente se retirem e sintam a presença de Deus em cada local do ambiente em que está. Existem locais apropriados para retiros ( chácaras, centros de formação, sítios, mosteiros…). É muito bom que, além da sala de “pregação”, local onde se propõem o tema para a oração, haja uma sala espaçosa e aconchegante para a oração. Se for possível é interessante que por todo o local sejam colocados símbolos e frases que estejam ligados ao tema do retiro e auxiliem no bom aproveitamento do evento.

Tema: O tema deve ser apropriado para a turma de Catequese e deve estar de acordo com aquilo que foi trabalhado durante os anos de preparação para tal Sacramento.

Participantes: Além do próprio Catequista, que precisa aproveitar as oportunidades dos retiros oferecidos pela comunidade, é importante propor retiros aos catequizandos, desde os pequenos, respeitando as características de cada faixa etária. Cuide-se para que o número de participantes não dificulte a realização do retiro. Se o grupo for grande, vale a pena dividir os participantes em grupos menores e fazer os retiros separadamente.

Preparação: O ideal é que o retiro seja planejado com no mínimo de seis meses de antecedência, pois imprevistos infelizmente acontecem. E planeje sempre o retiro com uma margem superior de retirantes, sempre tem aqueles que decidem ir de ultima hora.

Orientador(a) do Retiro: A condução do retiro deve ser feita por qualquer pessoa que participe da comunidade e dê bom testemunho cristão, desde que tenha facilidade para comunicar-se com o grupo. Cabe a esta pessoa acolher o tema proposto pelos organizadores do retiro, apresentar um esquema funcional e envolvente, propor as meditações, indicar pistas para orações, integrar as celebrações ao “espírito” do retiro e dispor-se a orientações espirituais individualizadas, caso sejam necessárias. É importante que o retiro não seja reduzido a uma ladainha enfadonha de palestras, mas contenha breves exposições que ajudem a concretizar o tema e propósitos na vida dos participantes.

Não cometa o erro de fazer do seu Retiro um piquenique: A não ser que essa seja a intenção. Um retiro deve ser descontraído em alguns momentos, mas não todo tempo.

Equipes: Além de uma coordenação geral e do (a) orientador (a), é bom que haja equipes de apoio, tais como: equipe de acolhida, equipe de limpeza e bem – estar, equipe de primeiros socorros, equipe de refeição, equipe que cuide das crianças menores etc.

Elementos: Um bom retiro procura mesclar no seu roteiro e organização: momentos de silêncio, momentos de partilha, meditação individual (deserto), momentos de descontração, celebrações, experiências simbólicas e contemplativas, músicas e textos bíblicos.

É isso ai, que estas orientações sobre retiro com catequistas, crianças, adolescente e jovens, ajude aos leitores na organizações de retiros em suas comunidades, grupos, pastorais e movimentos. Pois retiro é momento único na vida daqueles e daquelas que tem algum trabalho para o crescimento do Reino de Deus em nossa Igreja. Jesus nos ensina a ter contato constante com o Pai, contemplação da Palavra, contato constante com o povo, contemplação da realidade, contato constante com o grupo o qual nós vivemos, e assim ter fidelidade com a formação.

11 Comentários

  1. Estou me preparando para uma manhã com o grupo da crisma,estou em mente fazer assim, iniciar com oração invocando o espírito santo, em seguida caticos animados para quebrar o gelo.em seguida momentos de leituras da própria formação da crisma,questionários,reflexão sobre o tema ,momento da leitura bíblica e reflexão e perguntas da mesma.por volta das dez horas uma parada para um lanche musicas católicas, retornamos com algumas músicas e brincadeiras,tudo dentro do que foi visto durante o ano de formação.inicio às 8hs da manhã e encerramos as 13hs .Estou errada ?Ou posso fazer assim.

    • Obrigado pelo seu comentário. Sim, é uma boa opção, parabéns! Continue firme na sua missão e vocação. Visite mais vezes o nosso blog, obrigado.

  2. Muito bom saber, que muitas igrejas fazem e nem sabem o que significa, e ainda faz tudo completamente errado, e sem nenhum fundamento.

  3. Ola. sou coordenador de um grupo de jovens e estou organizando um retiro, porém não dispomos de um local afastado e nem mesmo estrutura física na comunidade, dai pensamos em fazer em uma escola, por ser um local mais amplo com melhor estrutura física. Queria saber como faço para parecer o mais possível com um retiro?

  4. BOA TARDE,
    EU SOU COORDENADOR DO TERÇO DOS HOMENS, VAMOS REALIZAR UM RETIRO PARA HOMENS MAS ANO PASSADO TIVEMOS 3 PALESTRAS E GOSTARIA DE REDUZIR PARA DUAS E OUTRO TEMPO UTILIZAR O GRUPO DE TEATRO PARA APRESENTAR UMA PEÇA DA VIDA REAL E QUE PASSE A PALAVRA DE DEUS,POIS MAS ME DISSERAM QUE O TEATRO NÃO TEM NADA A HAVE COM RETIRO E QUE É PARADO. GOSTARIA DE SABER POSSO OU NÃO POSSO FAZER?

    • Luiz Antônio, retiro geralmente acontece para nos “retirar” das atividades normais para silenciar, escutar, meditar, orar/rezar, contemplar… Isso não impede de num retiro coletivo, fazer uma dramatização de um tema que ajude o grupo a rezar. Mas tem quer ver, porque nem todos compreendem assim, e o que seria bom, atrapalhou.Entende? A palavra é bom senso, e depende de grupo para grupo, do contexto, e se o grupo tem consciência dos elementos que envolve um retiro. Será que os “atores”, coordenadores e participantes entendem assim também? A peça ajuda a interiorizar, rezar o tema escolhido? Mas, será que é viável? É ponderar e no mais, boa criatividade!

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