Bíblia, diferentes edições, diferentes públicos – Segunda parte.

Por: Sebastião catequista

Em nosso segundo artigo apresentando as diferenças entre as traduções bíblicas destinadas a diferentes públicos, apresentamos a agora nossa segunda parte em continuidade ao artigo anterior que você pode acessar clicando aqui: primeira parte, Bíblia de Jerusalém. A seguir, a BÍBLIA DA CNBB.

2. Bíblia Sagrada Tradução da CNBB

A Bíblia Sagrada Tradução da CNBB ou simplesmente Bíblia da CNBB é uma tradução recente, está agora em sua sexta edição. Como indica uma das notas logo no começo da Bíblia, ela é uma tradução das línguas originais, logo temos um ponto positivo, mas também ela tem um chão que norteia sua tradução: a Nova Vulgata. Ela “incorpora” a tradução oficial da Igreja naquilo que lhe é própria segundo uma longa tradição histórica desde são Jerônimo até hoje. Daí está atento, pois ela de cara, já provoca certo “desconforto” aos desavisados. Em que sentido? É que ela por ser uma proposta onde se encontra o texto nas línguas originais e a “incorporação” de alguns elementos da tradição da Vulgata tem um complexo conjunto de sinais, abreviações, transliterações, adições que numa leitura mais acurada é preciso está atento. Exemplo disso são os versículos que em muito difere das outras traduções. Já o seu português é de excelente qualidade, acessível ao povo.

A Bíblia da CNBB tem excelentes introduções com gráficos que facilita a visualização, a memorização, e a compreensão. O conteúdo das introduções e notas estão bem atualizados e representa muito bem o que pensa e o que ensina a Instituição, porém, a forma como estão postas as notas no rodapé das páginas deixam muito a desejar. São muito confusas, sobretudo quando estão juntas notas e paralelos com os seus sinais que remetem a textos e documentos eclesiais e aparatos críticos. O leitor fica perdido procurando decifrar essas informações. Ela impõe a seus leitores certo nível de conhecimento técnico, não é para iniciantes. É tudo muito complexo. O que pretendiam os tradutores? Uma Bíblia de estudo e ao mesmo tempo popular? Não o sabemos. Talvez a complexidade de reunir em uma única tradução duas linhas de pensamentos da tradição eclesial (a Nova Vulgata e a Moderna) por assim dizer faz com que essa complexidade esteja aí presente nos textos. Não é um trabalho fácil(!), mas em todo caso, para um simples “leigo” sem formação, ou com pouca formação/informação há uma certa dificuldade em compreender, manusear e usar esta Bíblia de forma plena.

Nesta edição também encontramos no final da Bíblia seu dicionário (Glossário) que é muito bom, de conteúdo excelente, mas também não isento de certa complexidade em seus sinais para um leitor “leigo”; também os mapas são de excelente qualidade; a tabela de pesos e medidas, o calendário bíblico são muito bons. Já o calendário litúrgico é um show a parte, muito bem organizado de fácil manuseio (ponto para esta edição); a cronologia da história bíblica e humana é bem resumida mas de boa qualidade.

O nome divino (tetragrama) na presente tradução, que está em destaque, foi substituído pelo substantivo próprio SENHOR, dando fluidez ao texto. Aliás há um consenso nos parece, para que as diferentes traduções modernas não usem o tetragrama sagrado original ou transliterado, mas que em seu lugar usem o substantivo “Adonay” (meu Senhor – ou simplesmente “SENHOR”) em respeito ao Nome divino e a cultura judaica. Excelente! E aí o nosso leitor deve está atento para saber e entender que onde aparece o tetragrama sagrado (YHWH – JAVÉ), esse foi trocado no texto pelo substantivo próprio ADONAY – SENHOR.

Com exceção das Bíblias Bíblia de Jerusalém, Bíblia Pastoral, Bíblia de Aparecida, Bíblia Palavra Viva, que o usam o tetragrama sagrado em original ou transliterado, todas as demais Bíblias modernas usam o substantivo próprio “Senhor” para Deus no Primeiro Testamento, traduzindo assim, o nome “Adonay – meu Senhor” ou simplesmente, Senhor.

O Salmo em sua linguagem é fluido, gostoso de ler. Sua numeração segue o que as outras traduções seguem, o original hebraico, enquanto a numeração latina e litúrgica ou vulgar está entre parênteses que é sempre um número a menos. Aliás, todas as Bíblias modernas fazem assim. Quanto aos detalhes desse pôr menor não vou entrar no mérito da questão, é lição básica que todo leitor assíduo da Bíblia já sabe ou deveria saber de cor. Aliás, a maioria das introduções ao livro dos Salmos trazem explicações sobre esse assunto. Quanto aos paralelos e notas de rodapés, nos Salmos ficou de lado. É interessante, novidade, mas o modo tradicional presente em outras traduções seduz mais. Mas isto vai de gosto de cada um, não é? Já os versículos dos salmos sofreu algumas mudanças quando comparado com outras traduções. É bom ficar atento quanto a isto. Por que isto, você deve está se perguntando… creio que um curso bíblico responderá a esta pergunta. Arrisco pensar que isso seja por conta da Nova Vulgata e dos critérios usados para as traduções, uma vez que, não há um critério fechado que padronizem a organização dos versículos em nossas Bíblias. Mas é preciso averiguar essa informação com mais cuidado, aqui estou dando um palpite e fazendo-lhe uma provocação de pesquisar o assunto.

Quanto a estética geral do texto está boa, os títulos e subtítulos em destaque com cor de fundo dá uma sensação agradável. De modo geral, na introdução, os apresentadores nos informam a quem se destina ou para que se destina essa tradução: para a própria Instituição no uso de seus documentos, textos litúrgicos, catequético, pastoral, espiritual. É a tradução oficial da Igreja. Olhando por assim dizer, com um olhar de curiosidade, a sensação que dá é que foi feita para os bispos e seus colaboradores bem como para grupos seletos de conhecedores “do mundo da Bíblia e da Teologia” na Igreja. Não foi feita para o “povão” de nossas comunidades. Contudo, temos o texto nas mãos, é um texto oficial e é para todos, desde a Instituição até o Povo de Deus nos seus membros mais simples. Todavia, por ser uma obra “polida” do melhor da tradição antiga e moderna da Igreja é preciso ao leitor ter certa formação bíblica para saber usá-la e usá-la plenamente.

 


Biblia de Jerusalém (Primeira parte)

Bíblia da CNBB (Segunda parte)

Bíblia Vozes  (Terceir parte)

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