O chamado

Série: O chamado. Primeiro Encontro.

Por: Sebastião Catequista.

Com esse artigo abordamos o tema do chamado de Deus na vida pessoal e comunitária. São três aspectos do chamado que iremos abordar. Nesse primeiro texto veremos o chamado em si, como ele acontece, em que circunstâncias e quais as suas exigências. A partir dos textos bíblicos de Lucas 9,57-62; 13,22-30; Mateus 10,37-39 e, contextualizando em uma realidade concreta que é a vocação do catequista, também sugerimos a leituras dos seguintes documentos e parágrafos: Catequese Renovada: 33-35; Diretório Nacional de Catequese: 15-18; 262-268; Diretório para a Catequese: 17; 110-112; 122; 137-138.

A partir desses textos da Bíblia e da Igreja hoje, se entende que o chamado é uma atitude exclusiva de Deus simplesmente por amor. O chamado é um ato de amor de Deus.

Deus nos chama! Chama a cada um em particular e também de modo coletivo, como povo, como comunidade. Seu chamado é sempre para nós uma conversão, uma saída, um mudar nossa vida e o olhar com que vemos as coisas aos nosso redor.

Ele nos chama, qual o sentido do seu chamado? Quais as suas exigências e como o chamado acontece?

O chamado é feito a todos e também a alguns em particular para uma atividade específica. E para esse chamado em especial, poucos dão a resposta. E esse chamado raramente vem por meio de “sinais” de “milagres” de algo “anormal” “sobrenatural”. Geralmente ele nasce a partir de uma necessidade, de uma realidade bem concreta onde a pessoa chamada vai discernindo se esse chamado é de Deus.

Nesse processo de discernimento é preciso está atento aos “sinais” que são emitidos por acontecimentos, fatos, pessoas, gestos e ações simbólicas. A pessoa chamada tem que está atenta se quiser corresponder ao chamado. É uma graça de Deus!

Israel escutou a voz de Deus, escutou seu chamado, fez aliança com Deus. Muitas vezes não foi fiel ao chamado, mas escutou a Voz de Deus. Toda a Escritura é uma memória e releitura ruminada geração após geração como num grande esforço de ouvir e seguir essa Voz. E essa voz se fez presença mais concreta na pessoa e ação de Jesus.

Jesus voz de Deus é o próprio Deus que veio e apareceu humanamente na periferia entre os pobres e pecadores. Ele não apareceu no palácio no meio dos ricos e nem no Santuário entre os servidores e santos. Entretanto, Israel na sua liderança e grupos ligados a elite não o quis reconhecer como tal.

Mas no meio do povo teve quem o acolheu, foram homens e mulheres que reconheceram em sua prática a presença de Deus, viram em Jesus Deus no meio do povo, agindo. Ele estava aqui, no meio de nós! Muitos que “comeram e beberam com Ele” viram e perceberam que por sua identificação com o povo dos pobres, dos marginalizados, dos excluídos, violentados em sua dignidade só poderia ser o “Emanuel”, o Deus do êxodo, passando de novo no meio deles como o “Deus conosco”, o libertador. E esses responderam ao seu chamado! Seguiram sua voz! Arriscaram suas vidas por algo que acreditaram.

E Jesus, como podemos perceber nos textos citados acima, chamou a muitos em diversas realidades concretas e para cada uma delas, fez exigências relativas ao seguimento. Todo chamado é uma graça de Deus que tem exigências e também tem a ‘graça sobre graça’ derramada naqueles e naquelas que responde ao chamado.

Hoje a partir da nossa realidade o Senhor chama e esse chamado quando respondido também tem exigências que interpela. E como o chamado acontece? Num momento qualquer da vida, nos fatos e acontecimentos que nem imaginamos que possa assim acontecer. Ele sempre parte de algo concreto que nos incomoda e esse incomodar é a voz nos interpelando, nos chamando.

Mas não é qualquer chamado e qualquer coisa ou necessidade, mas é àquela que dá sentido derradeiro a nossa existência e sempre em função do Reino, da Vontade de Deus.

Estar atento/a, acolher essa presença, essa voz, esse chamado, assumir suas exigências torna o escolhido um vocacionado permanente. E como todo chamado é chamado para… esse “para” é sempre um encontro e uma missão para além de nós mesmos e da própria comunidade, porém em comunhão com ela. Eis o sentido mais profundo do chamado.

Daí cabe a pergunta: Em que consiste o chamado? Quais as exigências? Como ele acontece hoje? Como você o experimenta ou experimentou?

Bibliografia consultada:

– Catequese Renovada. Documento 26 da CNBB. Paulus 1983.

– CNBB. Catequese para um mundo em mudança. Documento da CNBB 73. Paulus 1994.

– Diretório Geral para a Catequese. Documento Pontifício. Paulus 2020.

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