Bíblia, diferentes edições, diferentes públicos – Primeira parte.

Por Sebastião Catequista.

À guisa de introdução

Nos encontros, cursos ou mesmo em conversas coloquiais mas reservadas as pessoas sempre perguntam qual a melhor Bíblia; e qual a melhor Bíblia para suas necessidades. Nesse artigo trago alguma contribuição nesse sentido. São observações subjetivas sobre as traduções que podem ser úteis; contudo, são relativas, porque cada tradução tem suas particularidades próprias e que vai ao encontro do gosto e da necessidade de cada um; levando em consideração sobretudo o nível de formação e escolaridade.

Critérios de análises e suas diferentes traduções

No Brasil há uma infinidades de Bíblias, traduções feitas dos originais ou de outros idiomas e que constituem um rico acervo para diferentes públicos com diferentes necessidades e matrizes cristãs. A segui, analisamos onze Bíblias de tradução de matriz católica e ecumênicas.

Em nossa análise levamos em consideração alguns critérios: introdução, nota de rodapés, organização estética, recursos pedagógicos e informações para diferentes necessidades como estudos, liturgia, espiritualidade, pastoral, etc. Também damos atenção para a forma como é citado o Nome divino, e averiguamos a linguagem do texto do livro dos Salmos. Procuramos ver se o texto em sua recitação e compreensão é de uma linguagem mais fácil, poética, inteligível ao nosso jeito de falar e sentir ou se ele é uma tradução mais difícil, complexa, com palavras e frases de difícil compreensão e menos poética em suas rimas. A justificativa de averiguação do livro dos Salmos é pelo fato de seu uso cotidiano em nossa pratica orante espiritual. Que fique claro ao leitor que não pautamos nossa análise por um rigor da tradução ou da nossa língua materna. Não é esse nosso olhar e objetivo. Nosso olhar é pastoral a partir do chão usual das pessoas na sua vivência nos grupos, pastorais, movimentos e comunidades.

É com esse objetivo que vamos ao texto das traduções. E para isto, uma pergunta de ordem prática se nos impõe: Que contribuição essa ou aquela tradução traz para minha pratica, para minha vivência e caminhada pastoral? E assim, visitamos os textos das seguintes traduções:

1. Bíblia de Jerusalém

2. Bíblia da CNBB

3. Bíblia Vozes

4. Bíblia do Peregrino

5. Bíblia Pastoral

6. A Bíblia (Paulinas)

7. Bíblia Sagrada Nova Tradução na Linguagem de Hoje – NTLH (Paulinas)

8. Bíblia Sagrada Ave Maria

9. Bíblia de Aparecida (Santuário)

10. Bíblia TEB (Loyola)

11. Bíblia: Palavra viva (Paulus)

Análise das Bíblias

Seguindo a ordem acima exposta vejamos suas principais características.

1. Bíblia de Jerusalém

A BJ ou Bíblia de Jerusalém foi traduzida dos originais hebraico, aramaico e grego tendo seu aparato crítico nas notas e afins a partir da contribuição francesa. É uma Bíblia de estudos. Seu português acadêmico é muito culto mas fluído, poético, claro, simples, tem uma beleza própria. No Brasil está em sua segunda edição revista, ampliada, com notas excelentes que tem como pano de fundo a exegese com base nos melhores métodos cientifico de estudos bíblicos da modernidade e possui boas informações teológicas. Produzida por uma equipe de peritos de várias tradições cristãs a mesma tem caráter ecumênico e cientifico. É um excelente texto para estudos porém há muita coisa nova produzida nesses primeiros anos do século XXI que a deixa para trás nas “novidades bíblicas teológicas”, contudo, isso não tira o brilho dela e a que se propôs.

Em sua estética é bonita e organizada, tem excelentes introduções aos livros apesar de ser “enfadonhas” para uma leitura. As notas de rodapés são de boa qualidade informativa exegética e teológica – do método histórico crítico; os paralelos são perfeitos em sua organização ao lado dos textos e precisos – coisa que quase todas as demais traduções perdem para ela (!); os sinais marginais são poucos mas bem precisos em suas indicações; seu dicionário ao final é limitado mas bem pontual; os mapas são de excelentes qualidades; o calendário litúrgico não está aí presente, isso indica a que uso ela se presta: ao estudo. Nesse quesito ela perde um pouco, pois, ajudaria bastante a criar hábito da leitura diária da liturgia e na espiritualidade orante. Mas, isto a reduziria ao âmbito católico tirando-a do âmbito ecumênico e acadêmica que se propôs, já que a mesma tem as mãos de várias outras denominações cristãs e judaicas; O quadro cronológico nos dá uma boa ideia dos acontecimentos da história humana e do povo da Bíblia; também não fica atrás as tabelas informativas de peso, medidas, a dinastia asmoneia e o calendário judaico bíblico. O nome divino, digo, o tetragrama sagrado, sempre que aparece nos textos é original. Também nas diversas ocasiões acontece o mesmo para outros nomes dados a Deus como Adonay, El Shadday, etc. A BJ tem seus defeitos como toda tradução, mas de modo geral e de uma primeira “vista” ela é uma tradução e obra “perfeita”.

A BJ foi pensada para um público mais elevado religiosamente quanto a uma série de fatores tais como: possuir noção básica da nossa língua; possuir noção de Sagradas Escrituras e teologia bíblica. Uma pessoa “desavisada” ficaria meio perdida com o uso desta tradução, porém isto não indica uma dificuldade que não possa ser superada até porque, a BJ encanta por sua estética e beleza.

É uma Bíblia que vale apena tê-la em mãos!


Biblia de Jerusalém (Primeira parte)

Bíblia da CNBB (Segunda parte)

Bíblia Vozes  (Terceir parte)

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