Por: Sebastião Catequista.
Segundo o evangelista João, o Verbo se fez carne e habitou entre nós (cf. Jo 1,14); e Pedro nos afirma que Ele apareceu, comeu, bebeu e andou entre nós, se comunicou (cf. Atos 10, 37-42; 1Jo 1, 1-4) após sua morte e ressurreição, antes de se elevar à Glória do Pai. Todos nós sabemos de algum modo alguma coisa de Jesus relatado nos evangelhos, e de como antes de sua paixão, falou aos discípulos e discípulas de como estaria presente entre nós até a sua segunda vinda.
Olhando as Escrituras, e nela os seus ensinamentos, podemos averiguar pelo menos cinco modos de como o Senhor se manifesta com sua presença entre nós de forma real e metafórica causando-nos uma impressão muito nítida.
A primeira forma é estar presente na natureza enquanto causa primeira de sua existência. Em Jesus e por meio dele, no “início” de tudo, o Pai já pronunciara a Palavra (cf. Jo 1,1-4) e com ela sopra o Sopro vital da crianção (o Espírito Santo) fazendo com que, por meio dessa Palavra (o Logos, o Verbo) tudo venha a ser, a existir. Ao contemplar a criação, no seu amago mais profundo, encontramos e sentimos a presença inequívoca do Senhor como nos atesta o evangelista no texto já mencionado.
A segunda forma de demostrar sua presença está na pessoa do “excluído e necessitado” tendo no “pobre” sua identificação mais profunda. Esses são: doentes, pessoas marginalizadas por diversas situações, presos de diversos contextos (social, psicologicamente, religiosamente, etc), estrangeiros (imigrantes), pessoas empobrecidas social e economicamente, pessoas em estado de miserabilidade, fome, injustiçadas, etc. É o que nos diz por exemplos, os textos de Mateus 25,31-46 e Lucas 4,16-20. De acordo com esses textos, o juízo final será feito a partir de como nos relacionamos com esses pobres cuja presença na sociedade é o próprio Senhor; e a balança do julgamento final.
A terceira forma de demostrar sua presença entre nós é a comunidade reunida em torno e a partir de sua memória. Ou seja, a partir da adesão à sua pessoa. Aí a comunidade escuta o mestre (ora-ção), ensaia gestos de amor, solidariedade, fraternidade, justiça e militância. E aqui vale lembrar que, Jesus não é uma religião, mas uma pessoa e um projeto de vida acessível a todos. A religião é só consequência de várias leituras desse projeto e uma necessidade humana. É o que nos mostra o textos de Mateus 18,19-20.
Jesus não cabe nos conceitos que são estreitos e limitados (cf. Jo 21, 25). Ele é utopia para os sonhadores, sentido para quem busca e é a face de Deus para quem o procura (Cf. Mt 11.28-30).
A quarta forma dele mostra sua presença é a eucaristia. É o que nos mostra os textos de Mateus 26,26-20 e João 6. Essa presença bem particular e de profunda sensibilidade é a única que nos permite “degustar” de modo palpável e bem expressivo em nossos corpos sua singularidade. Entretanto, não por si, mas pelo contexto religioso, é uma presença a poucos reservada, e que certamente tal reserva não é advinda de sua vontade e coração, mas de processos natural da própria vivencia religiosa.
Por último, sua presença é marcante no discípulo em missão. É o que nos diz os textos de Mateus 10 e 28,16-20. Aí encontramos o Senhor atuando através da ação de seus discípulos. Em linguagem de hoje, através das pastorais, movimentos, comunidades, grupos que lutam pela justiça, pela vida ameaçada,etc.
Eis, os modos pelos quais o Senhor se faz presença entre nós até a sua vinda definitiva. Essa presença não é acessível ou pelo menos compreensível “aos de fora” haja vista que se trata do “mistério da fé” e compreender, ver e sentir essa presença de modo inteligível é necessário a fé, caso em contrário se fica numa mera “ilusão religiosa” ou numa “fantasia ideológica”.
Certamente amigo leitor, você já deve ter vivido alguma experiência cuja reflexão mais tarde, percebeu intuitivamente que era o Senhor lhe visitando. Como foi sua reação e descoberta?
Uma vez quando mais jovem, eu estava muito triste, sem perspectiva de melhora na vida, porém me coloquei a disposição de Deus nesse momento de desespero. Esperei com fé e ele intercedeu, senti sua presença, me senti mais feliz e emocionado. Chorei e fiquei ciente que ele se faz presente sempre que nos posicionamos com a humildade suficiente para aceitarmos que sem ele não somos nada, além de um ego perdido.
Um texto que ajudará certamente a entender Jesus encarnado na história e na vida!