Com esse artigo chegamos ao final de uma série de três, cujo tema é o chamado. Ao abordar aqui o aspecto da realidade onde atua o catequista, o fazemos no sentido de que, é a partir da sua realidade cotidiana que ele “extrai” todos as potencialidades de desenvolvimento e aprofundamento de sua vocação. Para isso nos valemos das seguintes passagens bíblicas: Marcos 6,30-34; Mateus 9,35-38 e 10,5-10; confira também Atos 2,42-47. Além dessas leituras consulte também CR 143; DNC 172-176; DPC 319ss.
Então, a partir desses textos e contextualizando no hoje de nossa vida catequética, mas também na vida cristã em geral percebemos que, como todo cristão vocacionado, o catequista é chamado para ministrar a Palavra, introduzir seu ouvinte na dinâmica da comunidade e conduzi-lo através dela, ao Bom Pastor (cf. Jo 10,1-6s). O chão desta experiência vivida pelo catequista, Jesus mesmo o aponta: as ovelhas perdidas da casa de Israel. Ou seja, todos/as aqueles/as que buscam o sentido de suas vidas, a resposta que só podem encontrar no encontro pessoal com o bom Pastor. E essas ovelhas são justamente aquelas que não participam da comunidade, que sua relação com ela é baseada na superficialidade das necessidades imediatas e desejos (batizados, casamentos, velórios, missa de sétimo dia, etc) ou simplesmente um “assistir” missas como um ato de religião.
Essas pessoas não conhecem a fé cristã ou sua identificação com ela é meramente um ato religioso sem compromisso e conhecimento do evangelho de Jesus. É nesse chão que o catequista é chamado para jogar às redes, semear a semente, regar a esperança, dar a razão de nossa fé e seguimento a Jesus.
Nesse chão, o catequista atua mostrando o jeito da comunidade e o projeto de Deus. Aí acontece os gestos de acolhida, da partilha, da fraternidade, da solidariedade, da compaixão, da misericórdia, da revelação de Deus e do seu amor pelas ovelhas. Aí acontece o que cantamos no Salmo 23: “ o Senhor é o meu pastor” que me “leva para as águas tranquilas” e “conduz com segurança pelo vale da sombra da morte”. É nesse chão dentro da comunidade e como porta-voz dela que o catequista atua e exerce seu ministério, e responde ao chamado.
E esse chão são crianças, jovens e adultos que de algum modo despertaram a partir de uma necessidade para a vivência da fé e um encontro com o Senhor. E eles também de algum modo foram chamados e o fato de estarem ali procurando uma resposta justificada pela busca de suprir uma “necessidade” religiosa encontram muito mais, na comunidade pela a atuação/resposta do catequista.
Outrossim, são as diversas realidade como: a exclusão de grupos e pessoas marginalizadas na sociedade e na própria comunidade de fé; os migrantes, os moradores de rua, os menores abandonados, a mulher violentada, o negro humilhado, o homoafetivo, os pobres, etc. Todas essas situações são o chão vocacional do cristão e do catequista. Aí o Senhor fala e sua fala é sempre o chamado para um novo “êxodo” vocacional, um “deserto” a ser atravessado, um “mar” onde se há de jogar às redes. E está atento a essa realidade é escutar nela, a voz de Deus.
Então, no chão onde você vive, que experiência o Senhor te aponta como “voz de Deus”? Como tem vivido essa experiência? E os textos lindos aqui, em que iluminam sua realidade vocacional? Por quê? O que significa hoje nesses contextos “dar a vida pelas ovelhas”?
Eis uma boa reflexão para nos descobrir como vocacionados ao chamado de Deus.
Bibliografia consultada:
– Catequese Renovada. Documento 26 da CNBB. Paulus 1983.
– CNBB. Catequese para um mundo em mudança. Documento da CNBB 73. Paulus 1994.
– Diretório Geral para a Catequese. Documento Pontifício. Paulus 2020.
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