Por: Sebastião Catequista.
Na época do natal o ambiente muda. Na rua, na praça, no comercio, em casa, nas igrejas, há um ar diferente. Mensagens por todos os cantos ressoa aspirações, sonhos, desejos e concretizações. As pessoas parecem estar mais acessível, sensível, fraternas e um espírito se espalha tomando conta de todos. Gestos, brindes, presentes, músicas, comidas, roupas, dão um toque especial e diferente. O consumismo está em alta, pois as motivações são muitas, mas tem único e mesmo endereço: é natal.
Data simbólica mais que realidade histórica, mexe com o imaginário e a fantasia das pessoas. Pelo menos nesse dia, precisamente nesse dia, as pessoas se sentem seguras, amadas, perdoadas e vibram juntas num mesmo acorde musical.
O ano que se passou com todas as suas nuances, mazelas, tristezas e alegrias, decepções e reconstruções, nesse momento não lhes parece dizer muita coisa a não ser a gratidão pelas coisas boas passadas, e a vontade insistente de que com esperanças redobradas daqui para frente, o novo será melhor.
Nesse clima, uma personagem sobressai como materialização de todos esses sentimentos, sonhos, aspirações e bons augúrios na
talino: papai Noel. Frente a personagem principal e sua mensagem, Noel sobressai a quilômetros de distância. Ele está mais no imaginário coletivo que Jesus. Aliás, a história do menino e o menino fascinam tanto pela sua fragilidade, bem como, pelo que ele traz e representa. Mas, isso não toca as pessoas porque se esquecem ou não sabem do que se trata sua real mensagem e quais consequências ela traz para a vida. Jesus diz menos, papai Noel diz mais.
E isso está errado? Esse clima, mensagem e contexto é ilusório e falso? De jeito nenhum, mas como é vivido e celebrado ofusca o que está por vir depois, e nesse caso, há que se celebrar o natal, com vistas no seu significado e consequências que trará depois.
O capitalismo esvaziou o natal, a mensagem real do natal. O poder econômico fabrica e vende falsos valores com roupa e cara daquilo que deveria ser a verdadeira mensagem e o verdadeiro natal. O natal é vazio porque permitimos esvaziá-lo. Temos que re-cristianizar o natal.
De que natal estamos falando?
Natal é nascimento. Os evangelhos e os escritos paulinos nos dá pistas desse nascimento: nascer da água do espírito; banhados em Cristo somos e temos nova realidade; convertermos e cremos no evangelho, pois o reino está próximo, etc. Jesus que agora não é mais bebê, e quando pelo natal encantou a todos, agora, agora mesmo traz uma mensagem de salvação e misericórdia, mas que por outro lado, tal mensagem soa inevitavelmente o contrário.
Jesus veio salvar a todos, porque Deus nos ama a todos e quer que todos se salvem (Jo 3,16ss). Mas, nem todos se salvarão ou querem se salvar. Eis, o paradoxo. Paradoxo que o natal como temos e nos é apresentado hoje pelo mundo moderno não nos deixa ver o que realmente significa e que implicações isso tem para o futuro. A vida não é só aqui, ela transcende, é transcendental, é um processo.
O natal tem implicações. Implicações que deverá repercutir por todo o ano, por toda nossa vida, nas opções e decisões que tomarmos, enquanto ato de fé, amor e esperança. E isso o natal do papai Noel não diz, porque é limitado e fala apenas do que a ideologia capitalista e econômica dita, e que entre nós e em nossa geração, já virou tradição, tradição que não representa a verdade cristã do verdadeiro natal. Por isso é preciso desnatalizar o natal para que o verdadeiro natal possa ser verdadeiramente, natal.
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