Leitura Bíblica e Cientifica

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Por: Sebastião Catequista.

Nos últimos anos, principalmente depois do concilio Vaticano II, as ciências avançaram. Elas, de forma formidável, têm contribuído para uma leitura madura, histórica e elucidativa dos textos bíblicos.

Essa contribuição tem ajudado a entender principalmente textos onde é difícil e escorregadia uma interpretação de forma contundente. É interessante, por exemplo, como podemos recompor (não totalmente cem por cento) a história do povo passo a passo casando as informações da ciência e do texto bíblico, criando de forma dinâmica novos paradigmas de interpretação. E, ainda, é fascinante como num quebra cabeça recompor essa história de modo catequético para ser ensinada e/ou servir de base para uma leitura e compreensão dos textos bíblicos de modo a suscitar fé, compromisso e protagonismo, dando continuidade aquela da qual foi cognominada de “História da Salvação”. Com essa contribuição também é fascinante como podemos suscitar em cada leitor/a o espirito continuador dessa história para as gerações futuras.

Mas, e apesar de tantos esforços e rica contribuição, há um por menor a ser levado em consideração: A Bíblia não é usualmente um livro de história, de história qualquer. Mesmo contendo elementos históricos; textos de difícil compreensão; sucessivas re-leituras e montagens teológicas; mesmos podendo ser reconstituída palmo a palmo a trajetória lógica da linha do tempo, e ainda assim, não abarca toda a riqueza e todo conteúdo e a graça que a torna diferente, especial e sagrada.

Os textos são sagrados enquanto “reserva de sentido” e nessa linha, são dinâmicos, de modo a ser sempre vivo e atual, suscitando e fortalecendo a vida dos que se dispõe a ouvi-lo e fazer sob sua mesma perspectiva, a experiência do sagrado. Essa experiência fortalece-nos, abre novos horizontes, novos paradigmas em nossa trajetória pessoal, social e comunitária dentro da História.

É aqui que se encontra toda a diferença. O limite de cada área cientifica e da própria bíblia. Também é aqui o ponto de encontro, de entreajuda, que possibilita uma nova compreensão e uma rica experiência que suscita nova contribuição. Uma não pode invadir ou tomar o lugar da outra e vice-versa. Por isso, é importante ter bem presente essa realidade, saber acolher essa riqueza, compreender seus limites e experimentar a graça da palavra em nossas vidas pessoal, nas nossas vidas participativa na comunidade e na profissão de fé que dos antigos recebemos.

É importante dizer isso, porque na nossa pratica catequética podemos nos deixar levar por uma ou por outra, podemos perder o conjunto das coisas, pois a linha tênue entre uma e outra é o risco de nos perder e conduzir o grupo por caminhos antes nunca trilhado por nós mesmos. Digo isso, como alerta, pois é um risco comum a todo estudante da Bíblia, principalmente os menos experientes. Pois, nem sempre informação (de ordem sociológica, antropológica, teológica, exegética) que possibilita compreender o contexto histórico dos textos bíblicos conduz-nos a fazer a experiência da reserva de sentido (como palavra de Deus) que aquele texto nos permite fazer, a partir e sob perspectiva de fé.

Daí compreender que é importante a colaboração das ciências para o estudo e entendimento bíblico, como também é importante saber o limite delas e do texto. Devemos inclusive, pois, enxergar isso, pois só assim, teremos ferramentas e maturidade suficientes para também nós fazermos nossa experiência de escuta e nos deixar transformar pela palavra de Deus, através dos textos. Pois ela, e somente ela é que é Sagrada.

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