Por Sebastião Santana da Silva
(Sebastião Catequista)
Segundo o Aurélio (AURÉLIO, 2010, 271) educar é um verbo, transitivo, direto e que significa “promover o desenvolvimento da capacidade intelectual, moral e física de alguém, ou de si mesmo”. Em linhas gerais a Ciência da Educação nos ensina que educar é ajudar ao educando se dá conta de “seu” mundo ambiente em que habita adquirindo conhecimento sob as mais diversas áreas da vida humana que de algum modo compõe a sua história de vida na sociedade em que vive. Dessa forma a “aventura” do “conhecimento” e da “vida” humana é um processo que não se acaba nunca. Enquanto se vive, se tem muito a aprender. Não há limites para o conhecimento e consequentemente a educação.
Educar é um processo permanente, e não é só aquisição e acumulação de informações, ideias, teorias, modos de vestir, de se comporta, de estar e de se impor no habitat natural à condição humana. É algo mais profundo! É algo que fala de “sentido” mesmo para existência humana.
Quando falamos em educar, nos reportamos sobretudo à educação da fé. Ou seja, do processo de conhecimento, assimilação, desvelamento e experiêncização daquelas realidades e conteúdos que dão sentido último a existência como tal, o “Sagrado”, que nos habita e habita toda a criação e existência.
Educar é aprender. É se deixar moldar pelo conhecimento adquirido sem perder a individualidade e a capacidade criativa de interagir, criar e recriar. Educar e ser educado é estar vivo.
Segundo Paulo Freire (FREIRE, 2015, 65) “ensinar e aprender são assim momentos de um processo maior – o de conhecer, que implica reconhecer. […] O educando se torna realmente educando quando e na medida em que reconhece, ou vai conhecendo os conteúdos, os objetos cognoscíveis, e não na medida em que o educador vai depositando nele a descrição dos objetos, ou dos conteúdos.”
Educador e educando são duas realidades e entidades diferentes entre si, mas que estão dentro do processo educativo de ensinamento e aprendizado. Um está em função do outro e ambos são aprendizes por diferentes modos dentro do mesmo processo.
Quando falamos de educação da fé temos em mente, o aprendizado daqueles conteúdos de fé professado pela Comunidade cristã, entretanto, o processo é muito mais amplo e mais profundo e envolve muitos outros fatores, como por exemplo: metodologia, condições de idade, vivencia comunitária, experiências pessoais de fé e vida, etc.
É claro que se tratando da educação da fé, levando em consideração a psicologia das idades, é preciso aplicar uma metodologia que ajude o catequizando a fazer a experiência do Sagrado à luz da simbologia própria tendo como contextualização o seu ambiente familiar e eclesial.
Dizendo de outro modo é preciso usar de todos os recursos necessários que ajude crianças, jovens e adultos cada um em seu contexto de idade e maturidade para que possam educar a si naquela fé professada pela comunidade cristã. E o catequista nesse processo de educação da fé é seu pedagogo, aquele que ajuda como educador a fazer esse caminho.
No Brasil, nessas últimas três décadas a Igreja e a Catequese produziu uma tradição pedagógica de excelente qualidade que é a Catequese Renovada e isso está claro em todos os seus documentos sobre a Catequese e a Evangelização (Cf. Bibliografia). Conhecer esse material por parte do catequista é imprescindível para uma boa realização dessa tarefa catequética.
Educar é um processo. E em se tratando da educação da fé é um processo que acontece de modo pessoal, individualizado, mas também de modo coletivo, progressivo, ordenado e sistemático (CNBB, CR 1983). Fazer esse caminho é o que a Igreja propõe aos seus fieis quando esses veem à Comunidade local e, pressupõe de sua parte uma abertura e uma maturidade despertada por diversos meios.
Educar é também um prazer. Saber que aprender é sempre um esforço da parte de quem busca e ensinar é sempre um trabalho árduo da parte de quem ensina. É um processo prazeroso onde estudo, convivência, espiritualidade, atividades dinâmicas e ações promovidas no sentido de exercitar o aprendizado forja uma Comunidade de discípulos de Jesus e protagonistas de um “outro mundo possível” como presença do Reino na vida das pessoas e da Comunidade cristã.
Por fim, ao falar de educar nesse artigo, trazemos à memória dos educadores da fé, os catequistas, essas linhas de reflexão como motivação em sua vivencia e pratica catequética tendo em vista a Campanha da Fraternidade deste ano de 2022 que trata da Fraternidade e Educação. Ao escrever esse artigo, temos em mente, aquela pergunta que anima nosso ser catequista: o que é educar na fé? E por conseguinte, nos remete a outra: Como educar na fé? E como bem lembra nossos bispos em seus documentos, educar é mais que passar doutrinas, dogmas, ideias… é ajudar as pessoas a fazer um caminho, a experimentar uma realidade, um encontro vivo com Jesus e sua proposta de vida para quantos queiram o seguir.
Bibliografia Consultada
– Freire, Paulo. Pedagogia da Esperança – um reencontro com a Pedagogia do Oprimido. São Paulo: Paz & Terra, 2015.
– Ferreira. Aurélio Buarque de Holanda. Mini Aurélio: o dicionário da língua portuguesa. 8ª Edição. Curitiba: Positivo, 2010.
– CNBB. Catequese Renova: Orientações e Conteúdo. São Paulo: Paulinas, 1983. (Documentos da CNBB 26)
– CNBB. Diretório Nacional de Catequese. São Paulo: Paulinas, 2011. (Documentos da CNBB 84)
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