Este Sacramento é a celebração e o compromisso do amor firmando entre o homem e a mulher que querem se unir e formar uma família cristã. No Antigo Testamento, a experiência fundamental que o povo Hebreu fez de Deus foi a experiência da libertação do Egito. Nessa libertação, Deus fez uma Aliança com o povo. Esta Aliança significa que Javé sempre será fiel ao seu povo, estará sempre protegendo o seu povo. E o povo sempre será fiel a Deus.
O povo não vai adorar ídolos. A Aliança entre Javé e seu povo é marcada pela fidelidade e exclusividade. Adorar o único Deus, Javé, que libertou o povo do Egito. Quando o povo foi infiel a Aliança, começou a praticar injustiça e a servir aos ídolos, Deus, porém, é sempre fiel, nunca se arrepende do seu amor e convida o povo a conversão. Assim acontece a relação matrimonial entre Deus e povo, entre o povo e Deus. Com base nessa relação e na aliança entre Deus e o povo e o povo e Deus, nasce o casamento humano. Também baseada nessa relação matrimonial humana é que no Novo Testamento temos a concepção também do amor de Cristo a Igreja, o novo Povo de Deus. Quando dois batizados um homem e uma mulher unem-se em casamento, o amor deles está enxertado no amor de Cristo á Igreja. Também é símbolo do amor de Cristo pela Igreja, sua Noiva.
Dessa forma o matrimonio, o casamento cristão tem essa dupla conotação: o amor e união entre um homem e uma mulher; e o amor de Cristo pela Igreja e da Igreja por Cristo.
Todo sacramento supõe fé, daí se faz mister o significado desse Sacramento e a necessidade de ser na comunidade entre batizados e batizadas, diferentemente do casamento civil que não é um sacramento, mas uma celebração de contrato entre iguais quanto a uma vida a dois, etc.
Matrimônio: Dom sagrado de Deus.
“No mais íntimo de seu mistério Deus não é uma solidão, mais uma família” ( beato João Paulo II).
O matrimônio é a afirmação na fé, de dois seres que se amam e que desejam construir uma vida juntos, formar um novo lar. É um encontro repleto de futuro. É a continuação da vida presente em dois seres que se amam. No fundo, bem no fundo, como pano de fundo, o que está por trás é o projeto primordial de Deus. É o começo das origens (cf. Gn 1, 26-31; 2, 23-25).
Um pouco de História e o que diz os Documentos da Igreja:
Sabemos que no começo da Igreja os cristãos eram perseguidos. Quando a realização do casamento os bispos e os padres também eram convidados. Como as demais testemunhas, assinavam o contrato de casamento. Quando não era impedidos pelos “militares” (segurança) eram solicitados à abençoar aos jovens esposos, depois do pai da família. Quando cessaram as perseguições, final do Século IV, o gesto dos bispos e dos Padres abençoarem os noivos entrou no costume da vida dos cristãos. Aos poucos vai entrando na Liturgia. No Século VII esse costume passa a integrar os livros litúrgicos oficiais. Até o Concílio de Trento (Séc. XVI) o casamento na forma primitiva [feito em casa, pelo pai] permanecera válido… a partir desse Concílio a liturgia matrimonial passou a ser parecida com a que nós temos hoje. Ao longo da história da Teologia o matrimônio passou por diversas evoluções ou entendido como:
- Procriação: o objetivo do Matrimônio era procriar, ter filhos;
- Remédio da concupiscência: para evitar o pecado.
- Povoar o Reino: não se trata de ter muitos filhos, mas, educa-los bem na Fé a serviço da Igreja.
- Amor mútuo: complementariedade dos seres.
- Amor conjugal: expressão e realização do amor de dois seres que se amam intensamente e constroem uma comunidade de Amor. Amor por toda vida que nunca pode ser desmanchado.
Papéis Fundamentais.
Afirma o Documento de Medellín (1968) que na América Latina a família tem três papeis fundamentais:
- Formadora de Pessoas: Ser o lugar onde a formação de personalidades integrais na vivência do afeto mútuo, do clima de confiança; no respeito e na liberdade.
- Educadora da Fé: O exemplo dos pais levam os filhos a viver plenamente a Fé. Os pais são as testemunhas do Evangelho vivo.
- Promotora do Desenvolvimento: É na família que os filhos fazem uma experiência de uma sã sociedade humana. É através dela que vão sendo introduzidos na sociedade civil para a transformação do mundo.
Segundo o Documento de Puebla (1979), a família experimenta quatro relações fundamentais: Paternidade – Filiação – Irmandade – Nupcilalidade.
Essas mesmas relações compõem a vida da Igreja:
- Experiência de Deus como Pai,
- Experiência de Cristo como Irmão;
- Experiência de filhos Em, Com, e Pelo Filho.
- Experiência de Cristo como esposo da Igreja.
A vida em família reproduz essas quatro experiências fundamentais e as compartilha em miniatura: são facetas do Amor Humano.
Um pouco de teologia do Sacramento
“O homem e a mulher são criados, isto é, são queridos por Deus”; por um lado, em perfeita igualdade como pessoas humanas e, por outro, em seu ser respectivo do homem e da mulher.
Ser homem e ser mulher é uma realidade boa querida por Deus: o homem e a mulher têm uma dignidade que lhes vêm diretamente de Deus, seu criador. Eles são criados em idêntica dignidade, a imagem de Deus. Em seu ser – homem e ser – mulher refletem a sabedoria e bondade do Criador. (CIC 369).
O ser humano é a imagem não um deus, mais do Deus único e verdadeiro. Essa é a maior dignidade conferida ao homem e a mulher (Gn 9,6). O Salmista não se cansa de louvar a Javé pela grandeza de sua obra prima (Sl 8).
Criado á imagem de Deus, que é essencialmente comunhão de pessoas, o ser humano é chamado a vida de comunidade: “Não é bom que o homem esteja só”(Gn 2,18).
O matrimônio corresponde a vontade de Deus. Homem e Mulher são criados um para o outro e, juntos, em sua correspondência recíproca, são imagem de Deus. Desse modo, a relação homem – mulher reflete com clareza o intimo ser humano em si mesmo.
A complementaridade, entre o homem e a mulher não constitui apenas uma realidade de ordem sexual, reprodutiva, mas é chamada à comunhão de vida, a exemplo da comunhão trinitária.
O Matrimônio, implica uma riqueza antropológica que é, ao mesmo tempo, um permanente desafio: os dois serão uma só carne. Constitui assim:
Um acontecimento pessoal: enquanto nele a pessoa se compromete e, de certo modo, com outras exigências e dimensões.
Um acontecimento relacional: porque sela o encontro de duas pessoas, quer em suas relações espirituais e afetivas, quer na realidade do corpo, da sua realidade, da liberdade e da personalidade.
Um acontecimento social: familiar, religioso, político e econômico, afetando as dimensões mais profundas do ser humano de modo evolutivo e permanente.
Um processo de aperfeiçoamento: que inclui progresso e retrocesso, em vista do equilíbrio ideal, respeitando as particularidades e as possibilidades de cada um. Embora não seja a única forma de realização pessoal, o matrimônio, de certo modo, ilumina os outros.
No contexto matrimonial, a felicidade de um cônjuge passa necessariamente pela aceitação do OUTRO. O casamento implica fundamentalmente vida a dois, não como vivencia paralela, um ao lado do outro, mais com integração de esforços e de propósitos. É preciso percorrer, juntos, o caminho, comprometidos numa única história: a do casal (Papa João Paulo II, Exortação Apostólica Familiaris Consortio,nº 19).
O relacionamento interpessoal, não deve, contudo, anular as características individuais de cada cônjuge. A unidade matrimonial os dois serão uma só carne não se constrói as custas da eliminação das diferenças pessoais; pelo contrário: deve resultar a capacidade de se fazer do EU e do TU um NÓS. Tão somente um motivo maior será capaz de superar os eventuais individualismos e de incorporar as qualidades de cada um, sem impor missão alienante, nem imposição arbitrarias.
Só o verdadeiro amor liberta, dos egoísmos e dos projetos meramente pessoais e permite o casal transformar o matrimônio em local privilegiado de comunhão. Afirma Walter Kasper, “o amor aceita o OUTRO enquanto OUTRO; por isso, faz parte da dialética do amor que une entre si duas pessoas da forma mais intima, simultaneamente as deixe livres em sua peculiaridade pessoal”(Teologia do Matrimônio, Ep. São Paulo, 1993, pp. 18-19).
O amor conjugal nasce da entrega mutua do casal, torna-se fecundo e se consolida no acolhimento dos filhos, frutos da entrega incondicional dos cônjuges. O amor é sempre criativo, dinâmico, altruísta. A educação para o amor faz parte de um processo de despojamento de si mesmo para acolher o OUTRO. A firma Anselm Grum: “Os esposos não são os primeiros a amar, eles amam porque, por sua vez, foram amados por seus pais, seus irmãos e irmãs. São capazes de dar amor porque antes, o recebera de seus pais, e estão aptos para amar porque são amados por Deus”(II Matrimônio, benedizione per uma vita insiene, Queriniana, Brscia, 2001).
Diz o Catecismos da Igreja:
“O consentimento pelo qual os esposos se entregam e se acolhem mutuamente é pelo próprio Deus. De sua Aliança se origina também diante da sociedade uma instituição firmada por uma ordenação divina. A Aliança dos esposos e integrada na Aliança de Deus com os homens: O autentico amor conjugal é assumido no amor divino”. (CIC1639).
E a Gaudim et Spes afirma:
“Cristo Senhor abençoou copiosamente este amor, de múltiplos aspectos nascido da fonte divina da caridade e constituído á imagem de sua própria união com a Igreja. E como outrora Deus veio ao encontro do seu povo com uma aliança de amor e fidelidade, assim agora o Salvador dos homens e Esposo da Igreja vem ao encontro dos esposos cristãos com o sacramento do matrimônio” (Gaudium et Spes,nº 48).
Paulo lembra uma série de preceitos e recomendações sobre o casamento e o celibato (1Cor 7,1-39). A virgindade e o Matrimônio são vocações distintas, ambas boas e legitimas. Em relação ao matrimônio, Paulo recorda que os cônjuges têm direitos e deveres em suas relações conjugais. O grande diferencial do matrimônio cristão está na referencia explicita a Cristo: casar-se no Senhor (1Cor 7,39).
A novidade do matrimônio cristão não está naquilo que tem de matrimônio, mas naquilo que tem de cristão. No sacramento do matrimônio, as relações entre marido e mulher não são apenas pautadas pelos valores humanos, mas também, e acima de tudo, pelo amor de Cristo, Esposo, por sua esposa, a Igreja. (Ef 5,25). A união Cristo-Igreja não constitui apenas modelo e exemplo do matrimônio cristão, mas principalmente seu fundamento, seu significado e sua grandeza.
Entre batizados o Casamento torna-se verdadeiro Sacramento. Eis o que nos diz o Código de Direito Canônico: “O pacto matrimonial, pelo qual o homem e a mulher constituem entre si o consórcio de toda a vida, por sua índole natural ordenado ao bem dos cônjuges e à geração e educação da prole, entre batizados, foi por Cristo Senhor elevado à dignidade de sacramento. Portanto, entre batizados não pode haver contrato matrimonial válido, que não seja por isso mesmo sacramento” (Cf. Cân.1055§ 1e2).
Conclusão:
Há muito aspectos que poderíamos ter abordado aqui. Principalmente nestes tempos em que o matrimonio é posto em xeque-mate na sociedade por diversas ideologias e novos costumes, mas não é o momento. Por enquanto, fica essas poucas linhas de reflexão que serve como setas para um aprofundamento para aqueles querem se aprofundar; e para os catequistas, principalmente para aqueles que fazem a preparação dos noivos nas comunidades paroquiais e diocesanas.
O importante é mostrar que: Deus nos criou para sermos pessoas amadas e amantes; constituir família; preservar a vida; ser sinal do amor de Deus na sociedade; constituir-se símbolo da Igreja-Noiva do seu amado Jesus Cristo; viver em santidade de vida sendo fiel uns aos outros e a Cristo-Igreja; etc. Mostrar a importância das famílias nas comunidades etc.
Alias, em nossas paróquias não são poucos os movimentos onde a família é apoiada, encontra espaço, vive feliz, faz alguma coisa, é missionária e constitui verdadeiras famílias cristãs. Lembro por exemplo: ECC, Pastoral da Família, Família Cristã, etc. Bem, espero que tenhamos apontado algumas luzes para você. Então que tal algumas perguntas para ajudar na reflexão?
Para refletir:
- Quais as alegrias e os desafios do Matrimônio?
- Como a Catequese pode fazer para melhor orientar os catequizandos, famílias e comunidades para conscientizar-se da importância do Sacramento do Matrimônio?
Fontes Pesquisada:
Catecismo da Igreja Católica
Jornal Missão Jovem 2006,
Machado, Pe. Amaurilio de Souza. O que são os Sacramentos. Salesianos.
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