Por: Sebastião Catequista
A catequese é a educação da fé. Isto é, a ação da Igreja para que o fiel adquira o desenvolvimento pleno da fé que professa. É o conjunto de ações que permite dentro de um processo, o fiel conhecer, aprofundar, amar, viver, celebrar e testemunhar a fé professada pela Igreja.
O catequista é aquela pessoa que, identificada com essa ação, por força do batismo e pela necessidade da Igreja, assume essa tarefa de forma permanente ou temporária em sua comunidade.
Assim, o DNC (Diretório Nacional de Catequese) em seus parágrafos 237; 241 a 245, identifica a pessoa do catequista. E vai mais além, nos afirma que como a catequese é um processo permanente, a missão do catequista pode ser uma vocação à qual chamado pelo Senhor, exerce sua missão de fé permanentemente; ou por outro lado, pode ser apenas um ministério temporário onde o mesmo exerce sua missão conforme a necessidade da comunidade, e por tempo determinado. Em ambos os casos, o catequista precisa ser confirmado nessa tarefa pela Igreja, uma vez que ser catequista é ser porta-voz da Igreja. O catequista é enviado pela Igreja, em nome da Igreja, para a Igreja. Isto é uma grande responsabilidade que requer muita responsabilidade, consciência e formação do catequista. Nesta tarefa o catequista não pode ser de qualquer jeito, falar de qualquer jeito e do que pensa por sí. Ele fala da Igreja e do seu rico patrimônio. Ele fala daquilo que a Igreja fala, vive e dá testemunho: O Senhor e sua Palavra. Eis, a pessoa e missão do catequista.
Por isso se faz necessário que o catequista seja orientado e orientador. Um catequista que não ler sobre a tarefa que vai executar; que não tem noção sobre os temas mais rudimentares como Igreja, Bíblia, Liturgia, Doutrina, Espiritualidade, entre outros, terá dificuldade de vivenciar sua missão. Porque sua palavra e seu ensinamento ficará no “o que eu penso”, “o que eu acho”, “o que eu ouvi dizer”, e na sua experiência devocional muito empírica da realidade eclesial. Precisa ter noção das coisas, da Igreja e da catequese. Porque o que está em jogo é a Mensagem, o seu catequizando e a própria comunidade. Pelo seu olhar e experiencia é que outros irão ver, entender e assimilar a fé cristã. Veja quanta responsabilidade.
Por isso é de suma importância que, antes de assumir a missão para a qual foi chamada, o catequista deve se preparar, participar de um curso para catequista, ter uma formação básica; e a paróquia ou diocese deve assumir essa tarefa, oferecer essa oportunidade aos seus novos catequistas. A formação é sempre algo bom e que ajuda a aprofundar a fé, e melhor nos ajuda a desenvolver nossa tarefa.
Para realizar a tarefa catequética, o DNC nos mostra duas realidades distintas da pessoa do catequista: uma por vocação e a outra por “serviço temporário” (cf. DNC 243). Explico. É que alguns anos atrás, o CR (Catequese Renovada) e outros documentos da Igreja apontava a missão do catequista como uma vocação, um chamado vocacional, e o catequista como um vocacionado. Ora, uma vocação nasce a partir de uma realidade precisa (uma necessidade, um convite, uma revelação) e tem significado quase que existencial na vida do vocacionado. Já um “serviço”, um “ministério” é algo que nasce de uma realidade bem mais definida e não tem que ser algo existencialmente vocacional, podendo ser algo temporário, passageiro, tão logo acabe a necessidade ou a pessoa mesmo deseje por algum motivo cessar sua tarefa, findou sua missão. Isto faz com que haja uma distinção na realização da tarefa catequética e aponte dois tipos de catequistas: um vocacionado e permanente e, o outro chamado para prestar uma “ajuda” por um período indistinto e depois estar livre de sua responsabilidade enquanto tal.
Mesmo o catequista temporário precisa e se faz necessário que tenha no mínimo formação adequada para a tarefa que vai realizar ou estar realizando. Pois, como já citado acima, isso compromete a tarefa catequético no seu processo e de como o catequizando verá e aprenderá a ver a fé cristã. Já imaginou um “catequista” que só reza o terço, fala de Nossa Senhora, leva os seus catequizandos para fazer adoração ao Santíssimo, ensina só as orações, fala de sua devoções, etc? Para ele, realizando essas atividades estar catequizando, mas de certo modo não estar. Tudo isso faz parte da catequese, mas não é catequese, é algo mais da experiência pessoal, vivencial, devocional que entra por exemplo no âmbito da liturgia, da espiritualidade, da religiosidade popular, etc. Que esses conteúdos fazem parte da catequese em algum momento sim, faz, mas há todo um contexto para isso; e não pode ser encarado como algo permanente no sentido de “ser catequese” porque ela é algo mais além, pois se trata da educação da fé, e não pára nisso. Entende? É preciso treinamento, formação, alargar horizontes.
Ser catequista é mais que repetir conteúdos, ensinar uma “tradição devocional”, e a catequese é mais que só repassar conteúdos e ideias, trata-se da fé da Igreja em seu rico patrimônio adquirido pelos séculos como leitura de um único fato: Deus revelado na história e seu plano de amor e salvação por nós. Percebe que é algo mais profundo? E temos que ajudar nossos catequizando a despertar seu protagonismo de fé a partir de sua adesão consciente ou inconsciente a essa fé. E isso não se faz da noite para o dia e nem com alguns encontrinhos ou só com atos devocionais… por isso que a catequese é um processo permanente e progressivo; e o catequista tem que ter noção e estar a par disso. Nunca perder a referência, o foco, o ponto de partida e a onde se quer chegar.
Essa é uma tarefa desafiadora, e o catequista temporário ou não, precisa compreender essa realidade, porque em última análise, é uma realidade que mexe com toda a Igreja. Catequese não é só para uns, mas para toda a Igreja e a Igreja toda. Cada um faz seu caminho de maturação da fé. Uns estão no começo, outros ainda nem começaram, outros estão no meio, outros desistiram por algum motivo, e outros estão bem adiantados nesse caminho educacional da fé; mas todos nós temos que estar dentro desse processo de maturação e educação da fé. Dentro ou fora da “pastoral de catequese” de algum modo todos nós cristãos e cristãs fazemos nosso processo de maturação da fé, de educação da fé; até porque, esse processo mesmo sendo feito em pequenos grupos (grupo de catequese, pastoral de catequese) é um processo comunitário.
Como catequistas que somos, precisamos ter bem claro diante de nós essa consciência de nossa missão; de que precisamos de formação e amadurecer a nossa própria fé; bem como de ajudar a partir do rico patrimônio da Igreja, os catequizandos que nos foram confiados a dar passos no seu processo de conhecimento e aprofundamento da fé, sempre e a partir da comunidade.
Enquanto tarefa, vocacionado ou não, todos nós catequistas precisamos nos capacitar para a boa obra de Deus, porque temos as mesmas responsabilidades, o mesmo objetivo e o mesmo caminho a percorrer. E não existe na catequese esse negócio de “ajudante”, de pessoas que veio ajudar a catequese/catequista, mas pelo contrário, todos nós que estamos na “pastoral de catequese” somos catequistas responsáveis uns pelos outros e juntos pelo êxito do grupo perante a comunidade de fé, a Igreja.
Catequista de ocasião ou vocacionados, todos somos responsáveis pela tarefa catequética e somos iguais trilhando os mesmos caminhos, com o mesmo objetivo. Somos Catequistas.
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