Amigos internautas, hoje, nossa reflexão e contemplação tem como texto bíblico o Apocalipse 12. A história é conhecida: uma mulher gravida, um dragão a lhe perseguir, uma ajuda do céu através do anjo, a derrota do dragão e a proteção da mulher, etc.
Durante muito tempo essa mulher foi identificada com Maria, Nossa Senhora. Mas, se olharmos bem, e consultarmos a teologia bíblica e as recentes pesquisas veremos que não. Como assim?
O texto segunda uma exegese séria, mostrará que, o texto é uma releitura do capítulo 3 do livro de Gênesis (3,15ss). Também é um texto cheio de simbolismos cuja realidade implícita está em evidencia a própria comunidade cristã perseguida pelo império que é identificado no dragão; e o dragão é a continuação da maldade (pecado) que fez o ser humano perder o paraíso. Ele é a nova serpente (Ap 12, 9s).
Dessa forma, a mulher tanto pode ser entendida como sendo a comunidade-igreja que traz consigo a Palavra e é perseguida; como pode ser a própria vida ameaçada pela morte; como também pode ser nossa senhora, a mãe de Jesus. Aliás, essa ideia última é a mais apregoada e creditável pelos fieis de nosso tempo.
Todo texto deve ser lido e interpretado no seu contexto para daí haver uma hermenêutica para hoje. Uma interpretação para hoje. Uma hermenêutica que dê razões e estimulo a fé na pratica cotidiana, nesse sentido, e por essa via, é o olhar atual sobre esse texto. Sobretudo na liturgia e na espiritualidade de cunho mariano, mas, também é o mesmo pensar e sentir da igreja num todo. Com isso, não há uma “falsa” interpretação do texto, mas sim que ele é denso de riqueza e percepções que nos permite também afirmar sobre Nossa Senhora o que descreve o texto. Ela é a mulher perseguida que está gravida da vida-Jesus que é ameaçada pelas forças da morte (dragão: rei Herodes, sacerdotes do templo, a lei…), mas que os céus a protege porque nela se realiza os planos de Deus.
Na América Latina é muito forte a devoção e o amor a Nossa Senhora e esse texto lido na liturgia e meditado pela espiritualidade, contribuiu enormemente para consolidar e aprofundar aquilo que a própria Maria mãe já dizia, pelo seu melhor relator, são Lucas: “Todas as gerações me chamarão de bem-aventurada!” (Lc 1, 46-55).
Consultas:
- Nova Bíblia Pastoral, São Paulo, Paullus, 2014.
- Mester, Carlos; Orofino, Francisco. A Palavra na Vida: Apocalipse de João – Esperança, Coragem e Alegria. Círculos Bíblicos 3ª parte. São Leopoldo-RS, Cebi, 1998.
- Mester, Carlos. Maria, a mãe de Jesus. Petrópolis-RJ, Vozes, 1983.
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