Interpretação bíblica das línguas e do repouso no Espírito

donsO dom das línguas e do repouso no Espirito são fatos que dão margem a muitas especulações. É “muito pano para pouca manga”, no dizer popular. São fatos que não se pode negar,  sobre eles se diz muito, muito mesmo, e no fim das contas, pouco ou quase nada se diz. Porque não há muito a se dizer.

O “dom das línguas” é um tanto complexo de se entender partindo da realidade e sociedade moderna. Sua realidade está no campo simbólico das ações religiosas e foge a mentalidade racional. Conforme opiniões que escuto aqui, ali, acolá, no geral dizem os seguintes pareceres: para uns ele é hipnotize; para outros, um ato de alienação; ou mesmo um ato de confusão mental individual-coletivo momentâneo.

Ele foge aos padrões da racionalidade. É mais fácil dizer o que ele não é, do que, dizer o que ele é, e qual a sua funcionalidade natural da vida cristã.

Contudo, no geral, podemos emitir o seguinte conceito a respeito do dom das línguas: “são sons mântricos capaz de gerar um estado de quietude a esmo” sem que seu praticante possa explicar.

Geralmente, pessoas que ficam nesse estado não dizem coisa com coisa, e por isso, não tem nada a comunicar de conteúdo claro e útil á mentalidade moderna.

Coisa semelhante podemos dizer do “repouso no Espírito'” sendo apenas “algo meramente psicológico-funcional” que acontece com pessoas propensas a esse tipo de coisa, como numa ação de hipnotizes.

Esses fatos (dons) são para os seus praticantes uma poderosa força e constitui um reserva de sentido toda particular, que pessoas alheias a essa realidade emitindo um parecer pode causar um certo mal-estar e ofende-los. Por isso certa cautela, principalmente por pastores e lideres religiosos.

Todavia, também, se considera que esta é uma realidade densa, simbólica, própria do campo da fé, de modo que, aqueles que a praticam compreende ser uma forma de manifestação da divindade. Já para uma mentalidade moderna racional isso soa um tanto estranho.

Partindo do contexto bíblico, os dons e especificamente os dons das línguas e do repouso, aparecem descritos nas cartas paulinas (1Cor  12, 10c) e o apóstolo adverte (1Cor 14, 1-25) que deve ser usado com bom senso, haja visto que não tem nenhuma função dentro da vida cristã. Fora a sensação de tranquilidade após o termino dessa atividade, não há serventia para a comunidade, falando a grosso modo.

Hoje, em alguns movimentos de cunho pentecostal dentro do cristianismo, existe de modo discreto uma propaganda cujo objetivo é atrair pessoas e convertê-las a partir do “sobrenatural”, do “milagroso”. Isso dá credibilidade ao grupo como “portador do sagrado”, realçando dessa forma a presença de Deus em seu meio.

Muita gente é atraída por essas coisas, em que para elas é a porta de entrada na religião, na comunidade, e constitui muitas vezes a única experiência com o sagrado em suas vidas. Essa gente geralmente advém de diversas situações  de vida; de desespero; ou mesmo da inercia religiosa que vivia antes. Elas precisaram dessas formas de manifestação para refazer sua experiência do sagrado e mudar de vida. Nesse sentido, esses grupos oferecem justamente aquilo de que essas pessoas precisam. Também não fica atrás, fenômenos como o ‘repouso do Espírito’, onde após um momento de transe coletivo as pessoas desmaiam levemente e ainda estando em consciência, conseguem descansar de modo a dar uma sensação de paz e segurança.

      Partindo de uma mentalidade moderna racional pode haver questionamentos quanto a essa prática e esse meio de evangelização, porém, com um olhar e mentalidade pastoral não podemos deixar de ver que tanto o movimento pentecostal quanto os “dons” que eles a pregoam e usam como meio de evangelização, são na vida de muita gente, a única forma de contato com o sagrado, e sua experiência com Deus. E, isso, deve ser levado em conta, porque essas pessoas em algum momento de suas vidas participativa na comunidade de fé vão evoluir. E essa evolução passa dentro do processo pedagógico catequético que gestará um novo “adulto na fé” para uma nova etapa de militância cristã. Dentro desse novo contexto, tais pessoas têm uma contribuição a dar na igreja e na sociedade, sem separação fé e vida, de modo mais critico engajado.

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