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Por: Sebastião Catequista.

Introdução

Com este artigo partilhamos alguns elementos de reflexão sobre a fé. No dizer popular, a fé é algo “que move montanhas”; realiza o impossível; em dado momento “restaura forças, energias e sonhos”; transforma realidades, necessidades em possibilidades dinâmicas. A fé acende a certeza de viver e saborear a vida.

A fé traz consigo a realidade celeste transcendental; traz consigo o “ar”, a “atmosfera”, o “habitat” natural de Deus, o “cheiro” de Deus para dentro de nossa realidade existencial.  Por um instante, o tempo e o não-tempo se iguala de tal modo que todo nosso ser, corpo-e-alma, sente de modo perceptível e extraordinário a graça da fé; e tal acontecimento nos dá uma convicção tamanha que surgem sempre novas releituras da mesma.

Não obstante a tudo isso, a fé, por outro lado é demonstrada, pensada, avaliada, refletida e vivida cotidianamente sob formas de devoção e ritos da religião.

Por outro lado também, a fé consiste em conhecer, amar e seguir Jesus de Nazaré. E aqui, a fé não consiste em uma ideia, uma filosofia de vida ou um sistema qualquer, mas adesão a uma pessoa concreta e aquilo que ela nos propôs.

A fé enquanto crença em doutrinas, dogmas, revelações.

Enquanto o ser humano se distingue das demais criaturas pela sua capacidade de pensar, interagir, ser livre, ser criativo e amar; uma outra característica lhe é arraigadamente humana: o ser religioso. Daí, entender que, mesmo negando essa realidade e é um direito seu, o ser humano possui capacidade de transcender, de devotar e crer naquilo que para si constitui verdade e lhe diz de sua condição e realidade transitória. Assim é compreensível que neste contexto a fé seja crer, acreditar naquelas realidades cuja ideias e ideologia são consideradas uma Doutrina, um Dogma ou mesmo uma revelação, por pessoas, grupos e  comunidades religiosas.

A fé enquanto seguimento e adesão a Jesus Cristo.

De outro modo, a fé também consiste em professar Jesus de Nazaré, como Cristo Senhor. Nesse caso, tal fé é mais que somente acreditar em doutrinas, dogmas e revelações; é conhecer, acreditar, aceitar, viver e ter como referencia existencial e transcendental a pessoa e mensagem de Jesus, o crucificado ressuscitado. Aqui, não temos uma ideia, mas uma pessoa e sua práxis. Uma pessoa cuja extraordinária existência transcende toda e qualquer possibilidade e preenche de modo radical o vazio que sufoca a própria vida, a própria existência. Ele sacia a sede do infinito; sacia a sede divina de Deus em nós; a longevidade existencial.  Ele é sentido para o sem sentido. É o que afirma e crer seus seguidores/as.

Nesse caso, tal fé se adquire pela pregação e escuta. Crer é conhecer, amar e seguir de modo radical a pessoa de Jesus de Nazaré. E podemos encontrar esse conhecimento ora nos textos Sagrados das Escrituras; ora na vida das pessoas, de modo particular e especial dos pobres, do povo dos pobres com quem em vida terrestre se identificava; ora por uma graça concedida, bem como, pela ação de seus seguidores discípulos/as.

Por essa ótica, todas as outras realidades pensadas, refletidas, acreditadas são e ressoam como consequência dessa fé primeira (adesão a Jesus); É claro que doutrinas, dogmas, revelações, tem seu lugar, sua importância, mas enquanto categoria, tal discurso fica como que, num segundo plano, mediante a pessoa de Jesus de Nazaré. Jesus é, para aqueles que n’Ele crer com firme convicção, objeto de fé e inspiração.

A fé enquanto crença nas realidades celestes transcendental

Por ultimo, trazemos como elemento de reflexão a fragilidade da existência e sua real potencialidade emergente como vocação para a plenitude e eternidade. De que se fala aqui? Daquelas realidades bem-aventuradas; das últimas coisas cujo fim tem como certo não a morte, mas a vida, e vida plena.

Fé é acreditar de modo inequívoco na real possibilidade de um novo “mundo” (aqui usado para designar ‘céu’, ‘paraíso’, ‘eterno’, ‘reino escatológico’, etc.,) cuja realidade é totalmente transcendental; completamente diferente de tudo que já vimos; são realidades celestes acrisoladora, benfazeja, o mundo de Deus mesmo.

Essa fé, que nos leva a crer num céu, na eternidade, no melhor, é pura convicção presente na vida de nossos ancestrais e, não há um grupo, pessoa ou religião que não tenha sua convicção e doutrina sobre esse tema. Como também, a respeito existe muitas conjecturas e fantasias. Aliás, os cristãos também são bem criativos e convictos dessa realidade, convicção que emerge de sua fé no Senhor. E essa fé sob diversas “molduras” está presente em toda nossa cultura moderna.

Conclusão

A fé é objeto da pregação, da meditação, da reflexão e do nosso agir cristão. Aparece como virtude teologal (fé, esperança e caridade) no Catecismo da Igreja; ela vem pelo ouvir, faz morada no coração e ideia pela razão. Torna-se gesto concreto pela ação de quem a recebe; e transcendência pela simples convicção de que lá existe algo a mais para além dos nossos sentidos e de nossa “vã filosofia”.

Existem outros aspectos da fé que não levantamos aqui. A fé e as obras como essencial na recepção da salvação; bem como atitude de quem a recebeu e se sente salvo; a fé como essencial para a realização de milagres; a fé como lei, etc. Mas, o que foi dito aqui já abre um grande leque para discutir esse tema tão importante; e nos conscientizar da fé que recebemos e dá sentido existencial ao nosso cotidiano.

Fontes consultadas:

– Eu creio – Pequeno Catecismo Católico. Edição em Português. Ed.Verbo Divino, 2005.

– Ferreira, Aurelio Buarque de Holanda. Mini Aurélio – o dicionário da língua portuguesa. 8ª edição. Curitiba: Posítivo, 2010.

Biblia Sagrada – edição da família. Petrópolis. Vozes, 2001.

– Pedro, Aquilino de. Dicionário de termos religiosos e afins. Aparecida. Santuário, 1993.

– Comblin, José.  O Caminho – ensaio sobre o seguimento de Jesus. São Paulo. Paulus, 2005.

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